Cáceres — Inaugurada na última sexta-feira (24) pelo presidente em exercício Geraldo Alckmin, a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) na fronteira com a Bolívia marca o início de um novo polo exportador. Com investimento de R$ 51,3 milhões, o projeto foi apresentado pelo governo como peça-chave de uma nova política industrial que busca resgatar a capacidade produtiva nacional e fortalecer a integração econômica sul-americana.
O gesto de levar incentivos fiscais e infraestrutura para uma região de fronteira representa um rompimento com a lógica de concentrar o crescimento apenas nos grandes centros portuários e nas capitais.
É um reconhecimento prático de que o desenvolvimento só é genuíno quando ele é distribuído, atuando como um poderoso motor para a redução das crônicas desigualdades regionais que marcam o Brasil. Ao interiorizar a indústria, o Estado assume o papel de indutor do crescimento, gerando empregos e valor agregado onde a presença industrial era historicamente rarefeita.
A localização de Cáceres não é mero acaso. Ela está no eixo da rota bioceânica que visa costurar economicamente o Centro-Oeste brasileiro ao Pacífico, unindo Brasil, Bolívia, Paraguai e Chile.
Esta é a materialização de uma política externa que busca transformar a retórica de união regional em uma logística produtiva concreta. O governo entende que a soberania econômica passa, necessariamente, pela consolidação de parcerias produtivas com seus vizinhos, abrindo novas cadeias de valor e fortalecendo a posição do país no mapa geopolítico global.
No Ministério do Desenvolvimento, a aposta é utilizar a infraestrutura de fronteira como laboratório para uma reindustrialização que dialogue com a sustentabilidade.
O foco em bioeconomia, agroindústria exportadora e madeira engenheirada na ZPE indica o caminho para a produção de maior valor agregado e menor impacto ambiental, alinhando a competitividade econômica com a responsabilidade ecológica.
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No entanto, o projeto carrega a experiência de desafios passados. O sucesso das ZPEs dependerá da capacidade do poder público de garantir que os investimentos de R$ 51,3 milhões não sejam isolados.
É crucial que o governo articule a nova zona com corredores logísticos eficazes e que, acima de tudo, promova a integração das futuras indústrias com as cadeias produtivas locais. Superar a burocracia e as deficiências de infraestrutura é a prova de fogo para consolidar essa nova estratégia.
Mais do que um pacote de isenções fiscais, a nova ZPE representa uma política que usa o investimento público como ferramenta de reconstrução nacional — um movimento estratégico que reposiciona o Brasil pela via produtiva e devolve ao interior um papel decisivo na economia continental.










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