Joanesburgo — A estatal sul-africana Transnet, responsável pela malha ferroviária e portuária do país, anunciou nesta terça-feira (21) um plano de investimento de 127 bilhões de rands (US$ 7,3 bilhões) para modernizar o sistema de transporte de carga nos próximos cinco anos. O projeto inclui a recuperação de trechos ferroviários estratégicos, a ampliação de terminais e a atração de investidores privados para acelerar a retomada logística.
Segundo a presidente-executiva Michelle Phillips, a companhia destinou 24 bilhões de rands à infraestrutura no último exercício fiscal e prevê 25 bilhões no atual. O novo ciclo de investimentos foi detalhado durante o South Africa Tomorrow Investor Conference, que reúne representantes do governo e do setor privado.
O programa marca uma tentativa de recuperar a competitividade do setor de exportação sul-africano, prejudicado pela degradação da infraestrutura e pela falta de capacidade operacional.
Nos últimos anos, falhas em ferrovias e portos reduziram embarques de carvão, manganês e minério de ferro — produtos que sustentam boa parte da balança comercial do país.
De acordo com Phillips, as obras incluem paradas programadas para manutenção, como o fechamento de dez dias no corredor de ferro que liga as minas ao litoral.
O objetivo é aumentar a confiabilidade e reduzir perdas de transporte. A modernização também prevê novos guindastes no porto de Durban, o maior da África Subsaariana, e a expansão do terminal de granéis em Richards Bay.
A Transnet pretende atrair parceiros estratégicos do setor privado para financiar parte dos projetos. A executiva confirmou que a estatal “buscará parceiros e financiadores de mercado” e que já está finalizando uma política de colaboração com clientes, permitindo a entrada direta de mineradoras e exportadores em iniciativas de infraestrutura e capacitação técnica.
Entre as medidas em elaboração estão o acesso controlado de operadoras privadas à rede ferroviária e a conclusão dos programas de participação do setor privado (PSP), previstos para 2025/2026.
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O governo vê a abertura parcial do sistema como forma de destravar gargalos históricos e reduzir custos logísticos que limitam o crescimento das exportações.
O plano é considerado uma das apostas mais ambiciosas da África do Sul para reaquecer a economia real, em um momento de recuperação lenta do setor industrial e de pressão fiscal sobre empresas estatais.
A execução do programa dependerá da capacidade de o país equilibrar o investimento público com a confiança de investidores, diante de uma infraestrutura envelhecida e de restrições orçamentárias.
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