Em 2025, o debate sobre a adoção do modelo tributário conhecido como split payment acendeu o alerta entre empresários e contadores de todo o Brasil. A proposta prevê que os impostos sejam retidos automaticamente no momento da venda, o que pode comprometer o fluxo de caixa e a liquidez das empresas — especialmente as pequenas e médias.
Foi o que aconteceu com a Ana, dona de uma distribuidora de alimentos no interior de São Paulo. Ao participar de um evento sobre gestão tributária, ela ouviu pela primeira vez sobre o split payment.
Na mesma semana, sentou com seu contador para simular como seria a rotina da empresa se o modelo fosse implementado. O resultado? Um rombo no caixa já no segundo mês.
Segundo estudo da consultoria Tax Group, a adoção do split payment pode impactar diretamente a liquidez de milhares de empresas, eliminando o fôlego que hoje existe para recolher tributos com prazos de até 45 dias. Mesmo com o faturamento em alta, o fluxo de caixa pode ser comprometido a ponto de paralisar operações.
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O que é split payment e por que ele preocupa os empresários?
O split payment é um modelo em que o valor dos tributos (como ICMS e ISS) é retido automaticamente no ato da venda e repassado diretamente ao governo, eliminando o prazo tradicional de recolhimento e reduzindo o dinheiro que entra no caixa da empresa, o que pode comprometer o pagamento de despesas operacionais.
A simulação que mostrou o risco invisível
Até então, Ana estava satisfeita com os resultados da distribuidora. O faturamento crescia, os clientes estavam fidelizados e os pagamentos estavam em dia.
Mas, ao rodar a simulação com base no split payment, ela percebeu algo assustador: boa parte do dinheiro que ela contava como entrada real na empresa não estaria mais disponível.
Na prática, a cada venda, uma fatia seria automaticamente direcionada ao governo — antes mesmo de entrar no fluxo de caixa.
Com fornecedores para pagar, salários mensais e compromissos parcelados, Ana viu que, mesmo com vendas estáveis, o caixa entraria no vermelho rapidamente.
A maior armadilha? Tudo isso sem parecer uma crise à primeira vista, já que o faturamento bruto se manteria alto. O problema estava escondido na liquidez diária.
Quando vender bem não basta: o caixa é o que sustenta a empresa
O estudo da Tax Group aponta que o split payment, se implementado nos moldes propostos, afetaria principalmente pequenas e médias empresas, que têm menos margem para erro e geralmente operam com pouco capital de giro.
A lógica é simples: com menos dinheiro no caixa, o empresário perde capacidade de manobra. Não consegue antecipar pagamentos, perde descontos com fornecedores e pode até atrasar folha de pagamento — criando um efeito dominó.
Empresas que não controlam o fluxo de caixa diariamente ou que confundem faturamento com saldo real tendem a ser as mais prejudicadas.
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Como se preparar para o split payment?
Mesmo sem estar em vigor oficialmente, o split payment já deve ser tratado como um cenário possível — e o preparo precisa começar agora. As principais medidas incluem:
- Projetar o fluxo de caixa líquido, considerando apenas o valor que entra efetivamente após tributos;
- Criar reserva de liquidez para os primeiros meses de adaptação;
- Evitar confundir faturamento com caixa disponível;
- Negociar prazos com fornecedores e clientes;
- Atualizar o time contábil e financeiro sobre mudanças fiscais em debate.
Quem começar a simular agora, terá mais tempo para ajustar processos e evitar surpresas desagradáveis.
Conclusão
Em resumo, o split payment ainda não é realidade, mas pode se tornar a qualquer momento dentro da nova reforma tributária. E quando isso acontecer, o caixa vai sentir primeiro — especialmente em empresas que operam no limite.
A história de Ana nos lembra que vender bem não é o suficiente. O que sustenta um negócio é a saúde do fluxo de caixa, e qualquer mudança nas regras do jogo precisa ser antecipada com planejamento.
Ficar por dentro dessas mudanças pode ser o diferencial entre crescer ou travar o caixa. Continue acompanhando o blog IA do Dinheiro para receber orientações práticas e atualizadas que ajudam sua empresa a se antecipar — e não ser pega de surpresa.
FAQ – Perguntas frequentes
O que é o split payment?
É um modelo tributário proposto que prevê o recolhimento automático de impostos no momento da venda. Ou seja, ao invés de a empresa pagar os tributos posteriormente, o valor seria retido no ato da transação e enviado diretamente ao governo.
O split payment já está em vigor no Brasil?
Não. Em 2025, o tema está em debate no meio contábil e empresarial, com estudos apontando impactos no fluxo de caixa. Ainda não há uma regulamentação nacional definitiva, mas especialistas recomendam que as empresas se preparem para esse possível cenário.
Como o split payment pode afetar o caixa da empresa?
Com a retenção imediata dos impostos, o dinheiro que entra no caixa da empresa será menor. Isso pode comprometer o capital de giro, dificultar o pagamento de fornecedores, folha e outras obrigações, especialmente em empresas que operam com margens apertadas.
Quem pode ser mais impactado pelo split payment?
Pequenas e médias empresas tendem a ser as mais afetadas, já que normalmente têm menos reserva de caixa e operam com maior dependência dos prazos tradicionais para recolhimento de tributos.
Como a empresa pode se preparar?
Mesmo antes da implementação, é possível simular o impacto nas finanças usando projeções de fluxo de caixa líquido, revisar contratos com fornecedores, ajustar prazos e criar reservas específicas para impostos. O ideal é revisar o planejamento financeiro com apoio contábil.
Qual a diferença entre faturamento e fluxo de caixa nesse contexto?
Faturamento é o valor total de vendas realizadas. Fluxo de caixa é o que efetivamente entra e sai do caixa da empresa. Com o split payment, uma parte do faturamento nunca entra no caixa, pois é redirecionada automaticamente para o pagamento de tributos.