São Paulo (Brasil) — A nova pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (05) mostra que Lula abriria vantagem consistente sobre seus principais adversários num eventual segundo turno em 2026, ampliando distâncias e evidenciando o desgaste das lideranças da direita. Contra Flávio Bolsonaro, recém-ungido candidato do pai, o presidente venceria por 15 pontos, enquanto o governador Tarcísio de Freitas encostaria, mas ainda ficaria atrás. O levantamento não apenas consolida Lula como favorito, mas revela uma oposição fragmentada, dependente de um capital político que perdeu força desde a derrocada do bolsonarismo.
O Datafolha ouviu 2.002 eleitores entre 2 e 4 de dezembro, em 113 municípios. A sondagem ocorreu antes do anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro, mas já refletia a fadiga do eleitorado com a família e a ausência de um projeto articulado da direita para o cenário pós-Bolsonaro. No confronto direto, Lula alcança 51% contra 36% do senador.
Em julho, o placar era de 48% a 37%, sinalizando que a prisão do ex-presidente e o colapso de sua influência nacional têm repercutido negativamente no desempenho de seus herdeiros políticos.
No embate com Eduardo Bolsonaro, o resultado é semelhante: Lula sobe para 52% e o deputado cai para 35%, reforçando a ideia de que o sobrenome se tornou um ativo tóxico em disputas de segundo turno.
Michelle Bolsonaro tampouco rompe o teto: perde de 50% a 39%, apesar de ter desempenho superior ao dos filhos do ex-presidente. Esses números ajudam a explicar o desconforto do centrão, do MDB e do PSD, que enxergam pouca competitividade real na figura escolhida por Jair Bolsonaro para liderar a oposição.
Tarcísio de Freitas e Ratinho Jr. aparecem em situação mais equilibrada, mas ainda insuficiente para virar o jogo. O governador paulista perderia por 47% a 42%, margem similar à registrada em julho. A mesma diferença é vista para Ratinho Jr. que perderia de 47% para 41%.
A direita tradicional, portanto, mostra maior potencial de disputa, mas sem encarnar um projeto nacional capaz de agregar o espectro conservador, hoje dividido entre interesses estaduais, ambições pessoais e a ausência de uma liderança central.

O levantamento também testou um cenário com o próprio Jair Bolsonaro, cuja candidatura é improvável devido à inelegibilidade. Ele perde por 49% a 40%, ampliando a distância observada no meio do ano.
A queda coincide com sua condenação e prisão, demonstrando que a narrativa de perseguição não encontra ressonância majoritária e que o país se distancia gradualmente do radicalismo que marcou o ciclo político de 2018 a 2022.
No primeiro turno, Lula mantém a dianteira com 41% em praticamente todos os cenários testados. Flávio Bolsonaro atinge 18%, Eduardo repete o resultado, Michelle chega a 24% e Tarcísio alcança 23%.
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Ratinho Jr., Caiado e Zema ficam abaixo da casa dos 12%, reforçando que nenhum desses nomes, isoladamente, é capaz de protagonizar uma disputa nacional. A pulverização à direita tende a empurrar a decisão novamente para o segundo turno, repetindo a dinâmica das últimas eleições.
A rejeição dos candidatos também traz sinais importantes. Bolsonaro lidera com 45%, seguido de perto por Lula, com 44%. Flávio marca 38%, Eduardo 37% e Michelle 35%, índices elevados para candidatos que nunca disputaram a Presidência.
Já os governadores registram rejeição mais baixa — entre 18% e 21% —, reflexo de gestão estadual bem avaliada, mas ainda desconhecida nacionalmente. O desafio para esses nomes é romper a barreira da visibilidade sem recorrer a pautas extremistas que desgastam a direita nos últimos anos.
A pesquisa evidencia que, mesmo sob o desgaste natural de quem governa e diante de expectativas elevadas sobre políticas públicas mais robustas, Lula mantém competitividade significativa.
O cenário reforça que sua posição decorre não apenas da força de sua base social, mas também da fragilidade estrutural da direita, incapaz de apresentar alternativas programáticas que transcendam personalismos e improvisações.
O retrato produzido pelo levantamento consolida uma vantagem que já se manifesta de forma consistente nas simulações, indicando um ambiente eleitoral no qual Lula aparece praticamente isolado no topo e sem sinais de que a disputa possa ganhar novo contorno.
A tendência observada nas projeções sugere que o pleito de 2026 se encaminha com um favoritismo já estabelecido, mantendo o presidente em posição sólida enquanto o restante do tabuleiro político não apresenta movimentos capazes de alterar esse desenho.











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