A candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência da República em 2026 continua sendo a aposta prioritária do PL. A estratégia central do partido não é vencer as eleições, mas ampliar suas bancadas na Câmara e no Senado a fim de fortalecer o fundo partidário e alterar a correlação de forças institucionais no parlamento. A tática foi apresentada por Valdemar Costa Neto, presidente da sigla, a dirigentes estaduais em reunião em Brasília.
Participantes do encontro relataram que Valdemar afirmou que uma candidatura própria ao Planalto funciona como instrumento para organizar o voto de legenda, reduzir a dispersão eleitoral e impulsionar a eleição de deputados federais e senadores.
A leitura interna é de que a presença de Flávio Bolsonaro na disputa presidencial ajuda a nacionalizar a campanha do partido e a maximizar resultados nas eleições proporcionais, independentemente do desempenho na corrida ao Executivo.
Em outras palavras, o PL não está preocupado em ganhar a eleição, mas rifar a cabeça de Flávio Bolsonaro a fim de consolidar o seu projeto de poder parlamentar aumentando o número de representantes no Congresso e no Senado.
Atualmente, o PL detém as maiores bancadas do Congresso, com 87 deputados federais e 15 senadores. Dirigentes da sigla trabalham com projeções de alcançar até 125 deputados e 25 senadores a partir das eleições de 2026.
O crescimento no Legislativo é tratado como prioridade estratégica por lideranças do partido, que veem no aumento das bancadas um caminho para ampliar influência política e acesso a recursos públicos.
No Senado, o fortalecimento da bancada é associado diretamente à capacidade de pressionar instituições. Em declarações públicas recentes, o ex-presidente Jair Bolsonaro defendeu a eleição do maior número possível de senadores para “inverter o jogo” político, em referência à prerrogativa do Senado de analisar pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Internamente, dirigentes do PL admitem que o objetivo é ampliar a capacidade de enfrentamento ao Judiciário a partir de uma maioria parlamentar, o que colaboraria para ampliar o discurso de perseguição junto a parte da sociedade.
Na Câmara dos Deputados, o interesse em eleger um número recorde de parlamentares está ligado ao fundo partidário, cuja distribuição é proporcional ao tamanho das bancadas.
Quanto maior o número de deputados eleitos, maior o volume de recursos públicos disponíveis para a sigla, o que amplia sua capacidade de financiamento de campanhas e estruturação partidária nos estados.
Parlamentares do PL avaliam que uma candidatura presidencial por outra legenda da direita poderia fragmentar o eleitorado e reduzir o desempenho do partido nas eleições proporcionais.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), declarou que a prioridade da sigla é preservar o uso do número do partido nas disputas majoritárias, evitando perdas de votos de legenda que impactem diretamente a eleição de deputados federais.
Essa declaração cria mal estar dentro de parte da direita que via na figura de Tarcísio de Freitas uma possível candidatura com amplo apoio de partidos do centrão e com maiores chances para fazer frente a Lula em 2026.
Com a estratégia adotada, o PL mostra que não está buscando vencer as eleições e que não se incomoda em reeleger Lula, desde que detenha o maior número de parlamentares para aumentar o seu poder de barganha e avançar em pautas que interessam ao próprio partido e seus financiadores.











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