Brasília (DF) — O Partido dos Trabalhadores (PT) manifestou nesta segunda-feira (1/12) forte preocupação com a escalada das tensões entre Estados Unidos e Venezuela, após novas declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, e movimentos militares que acirraram o ambiente no Caribe. O partido defendeu diálogo direto entre os governos de Caracas e Washington e alertou para o risco de operações unilaterais que violem o direito internacional, em um cenário que reativa temores sobre intervenções no continente.
As críticas do PT surgem em meio a semanas de atritos diplomáticos e ações vistas por governos e analistas regionais como tentativas de ampliar a presença militar dos EUA próximo ao território venezuelano.
O partido afirma que a América Latina deve se manter como zona de paz e que qualquer iniciativa que aumente a possibilidade de conflito precisa ser substituída por cooperação e canais diplomáticos.
Segundo a sigla, alegações não comprovadas sobre supostas ligações do governo Maduro com o narcotráfico têm servido de justificativa para medidas coercitivas e pressões externas.
A sigla reiterou que a política externa deve se apoiar na soberania dos povos e no respeito ao direito internacional. Para o PT, o cerco militar e econômico contra Caracas cria instabilidade regional e ameaça um princípio básico das relações entre países do Sul Global: resolver conflitos por meio do diálogo.
O partido argumenta que a retórica de Washington configura risco direto à segurança regional, principalmente quando combinada com movimentos militares em países vizinhos.
A tensão aumentou após Trump afirmar em sua rede social que trataria o espaço aéreo venezuelano como “completamente fechado”, supostamente para conter narcotraficantes e traficantes de pessoas.
Na prática, a declaração amplia a incerteza sobre eventuais operações no entorno da Venezuela num momento em que os EUA reforçam presença naval no Caribe.

Caracas sustenta que o discurso antidrogas serve como cortina para uma estratégia de mudança de regime e para o controle de reservas petrolíferas — argumento recorrente em disputas geopolíticas envolvendo o país.
O clima se agravou ainda mais com a instalação de um radar militar norte-americano em Tobago, autorizada pelo governo de Trinidad e Tobago.
A poucos quilômetros da costa venezuelana, o equipamento foi divulgado como parte de um plano de vigilância do narcotráfico, mas sua localização estratégica provocou desconforto entre países caribenhos.
Testemunhos locais e registros de tráfego aéreo indicam a chegada de fuzileiros navais, aeronaves militares e exercícios conjuntos na ilha, reforçando a percepção de que Washington amplia sua capacidade de monitoramento na região.
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A medida também desencadeou uma disputa política interna em Trinidad e Tobago. A oposição acusou a primeira-ministra Persad-Bissessar de falta de transparência e de comprometer a soberania do país ao permitir o equipamento norte-americano tão próximo da Venezuela.
A instalação do radar, que permite monitoramento contínuo do espaço aéreo venezuelano, foi classificada por opositores como um passo que contraria o compromisso do Caribe de se manter como zona livre de conflitos.
Relatórios recentes da Bloomberg já haviam indicado interferências eletromagnéticas incomuns no Caribe, associadas ao aumento da presença naval norte-americana nas últimas semanas.
O fenômeno, descrito como uma “parede invisível de ruído”, reforçou o alerta de que o avanço militar dos EUA ocorre de maneira coordenada e sem clareza pública sobre seus objetivos.
Para o PT, episódios como esses demonstram que a região volta a operar sob riscos semelhantes aos vistos em períodos de intensa disputa geopolítica.
O partido defende que o Brasil e demais países latino-americanos atuem pela contenção de tensões e pela reafirmação de mecanismos multilaterais. Nessa leitura, a preservação de uma diplomacia ativa e cooperativa é fundamental para impedir que a América Latina volte a ser palco de intervenções.
O comunicado conclui que a única saída responsável para o impasse é o diálogo direto e a negociação política, evitando uma escalada que possa comprometer a estabilidade continental.
Segundo o partido, manter a região como zona de paz exige que grandes potências respeitem os limites da soberania e se submetam às regras internacionais, permitindo que países latino-americanos decidam seu próprio destino sem pressões externas.











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