Petróleo

Londres — O preço do petróleo se manteve estável nesta quinta-feira (16), após dias de volatilidade nos mercados internacionais. A cautela reflete as expectativas em torno de uma possível redução das importações de petróleo russo pela Índia — movimento que pode alterar a rota global de fornecimento de energia e impulsionar a demanda por barris de outros países produtores.

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O Brent era negociado a US$ 62,20 o barril, alta de 0,47%, enquanto o WTI avançava 0,53%, para US$ 58,58. Os contratos se recuperam levemente após terem atingido, na véspera, o menor patamar desde maio, pressionados por tensões comerciais entre Estados Unidos e China.

A sinalização de mudança partiu do presidente norte-americano Donald Trump, que afirmou ter recebido do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o compromisso de interromper as compras de petróleo da Rússia. O país asiático é hoje o maior cliente do petróleo russo, responsável por cerca de um terço das exportações de Moscou desde o início da guerra na Ucrânia.

Fontes do setor energético indiano confirmaram que refinarias locais já estudam um corte gradual nas importações, embora o governo de Nova Délhi mantenha cautela pública.

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Em nota, o Ministério de Energia da Índia afirmou que o país continuará perseguindo dois objetivos centrais: assegurar estabilidade nos preços internos e garantir o abastecimento energético, sem mencionar diretamente as declarações de Trump.

Analistas de mercado avaliam que a decisão indiana, se confirmada, tende a alterar o equilíbrio global de preços.

“Isso representa um sinal positivo para o preço do petróleo, já que reduziria a presença da Índia como uma das principais compradoras do óleo russo”, avaliou Tony Sycamore, analista da IG Markets.

Petróleo

Em resposta, o governo russo disse estar confiante na continuidade da parceria com a Índia. Moscou vem enfrentando queda na oferta interna de derivados devido a ataques de drones ucranianos contra refinarias estratégicas, como a de Saratov, atingida nesta semana.

O ministro da Energia russo informou que as manutenções programadas em plantas industriais foram adiadas para priorizar o fornecimento ao mercado.

Para Tamas Varga, da consultoria PVM, a combinação de menor produção russa e realocação das compras indianas deve sustentar os preços nos próximos meses.

“A queda na oferta de petróleo e derivados russos deve estabelecer um piso para o mercado. O mínimo de US$ 58,40 por barril registrado em abril pode se mostrar difícil de ser rompido”, afirmou.

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Além das pressões no front asiático, os Estados Unidos ampliaram o cerco diplomático sobre o Japão, com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, pedindo que Tóquio também interrompa a compra de energia russa. Embora o Japão tenha participação limitada nesse comércio, o gesto reforça o esforço de Washington em isolar Moscou no mercado global.

O Reino Unido, por sua vez, anunciou um novo pacote de sanções direcionadas ao setor energético russo, atingindo empresas como Rosneft e Lukoil, além de 44 navios pertencentes à chamada “frota sombra” usada para transportar petróleo de forma indireta.

Entre os alvos, também estão terminais de exportação e a refinaria chinesa Shandong Yulong Petrochemical, acusada de facilitar escoamentos de origem russa.

No curto prazo, o equilíbrio entre a retração da oferta russa e a possível reorganização das importações asiáticas deve manter os preços próximos aos atuais patamares.

Para o mercado, a principal incerteza passa a ser o ritmo de realocação da demanda indiana, que poderá redefinir o mapa global do petróleo nos próximos meses.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista com foco em economia e sociedade, dedica-se a investigar como decisões econômicas, políticas e sociais se entrelaçam na construção de um Estado de bem-estar social no Brasil.

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