BCE enfrenta divisões políticas e vê risco de perda de protagonismo global do euro

Lagarde defende expansão do uso internacional da moeda europeia, mas disputas internas entre países dificultam avanço

O Banco Central Europeu (BCE) vive um impasse em sua tentativa de fortalecer o papel do euro no cenário global. A presidente da instituição, Christine Lagarde, vem defendendo que a moeda amplie sua relevância como reserva internacional e meio de pagamento em comércio exterior. No entanto, divergências políticas entre países-membros da União Europeia têm colocado em risco essa estratégia, segundo reportagem da Reuters publicada nesta segunda-feira (22).

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Proposta de ampliar o peso do euro

O movimento em defesa do euro global ganhou força nos últimos anos, em meio a tensões geopolíticas e à busca de alternativas ao dólar americano.

A ideia é posicionar a moeda europeia como instrumento de maior independência financeira, reduzindo a dependência da União Europeia em relação ao sistema monetário dos Estados Unidos.

Lagarde argumenta que fortalecer a moeda no comércio internacional também pode trazer benefícios internos, ao atrair mais investimentos e reduzir vulnerabilidades em períodos de crise cambial.

Obstáculos políticos e econômicos

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Apesar do discurso favorável, os avanços são travados por divisões políticas dentro do bloco. Países diferem em relação à criação de instrumentos de dívida comuns, ao grau de integração bancária e ao nível de compartilhamento de riscos.

A falta de consenso compromete a credibilidade de medidas necessárias para consolidar o euro como moeda de referência global.

Outro obstáculo é a própria conjuntura econômica: desaceleração do crescimento europeu, desafios fiscais em países do sul do continente e tensões em torno de gastos públicos dificultam o avanço de políticas integradas.

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Risco de perder o “momento global”

O euro teve oportunidades estratégicas para ganhar protagonismo, especialmente em momentos de fragilidade do dólar e em crises internacionais. Contudo, sem avanços estruturais, esse “momento global” corre o risco de se perder.

Enquanto isso, moedas como o yuan chinês ampliam lentamente sua presença no comércio internacional, aproveitando-se das brechas deixadas pela hesitação europeia. 

Para o BCE, a falta de coesão política pode significar não apenas a estagnação do euro, mas também a perda de relevância em um cenário monetário mundial em transformação.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista e redator especializado em economia, finanças e investimentos, com experiência em cobertura de mercado, políticas públicas e programas sociais. É Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Autor e fundador do portal IA do Dinheiro.

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