Rixi Moncada
Foto: Prensa Latina

Tegucigalpa (Honduras) — A candidata presidencial do Partido Libre, Rixi Moncada, pediu nesta terça-feira (2/12) a revisão imediata das atas eleitorais das eleições hondurenhas, após apresentar um relatório técnico que aponta milhares de documentos contabilizados sem validação biométrica. Para Moncada, a decisão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de retirar o mecanismo na véspera da votação abriu espaço para manipulações que comprometeram a integridade do pleito. Ela afirma que utilizará todos os recursos legais disponíveis para restaurar a transparência e assegurar que a vontade popular seja respeitada.

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O relatório apresentado pela candidata sustenta que a eliminação da verificação digital foi aprovada pelo CNE apenas uma noite antes das eleições, permitindo que atas fossem transmitidas sem comprovação da identidade dos eleitores.

O documento afirma que 2.859 atas — o equivalente a 25,35% do total — entraram no sistema sem biometria, cada uma registrando em média 217 votos. Em alguns casos, Moncada aponta a existência de até 100 votos adicionais além do que seria considerado legítimo.

O levantamento de seu comitê técnico indica que 1.588 dessas atas favoreceram o Partido Nacional, somando 326.285 votos; outras 1.041 atas atribuíram 217.193 votos ao Partido Liberal; enquanto apenas 204 atas não biométricas chegaram ao Partido Libre.

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Para a candidata, essa distribuição evidencia que as falhas não se concentraram de maneira aleatória, mas favoreceram forças políticas tradicionais em detrimento de candidaturas que representam alternativas ao status quo.

Moncada também afirmou que o bipartidarismo hondurenho, formado pelos partidos Liberal e Nacional, teria imposto um “plano eleitoral” para garantir sua continuidade no poder. 

Segundo ela, seu comitê possui 26 áudios que comprovariam manipulações no sistema de transmissão de resultados preliminares e interferências na biometria. Para a candidata, não se trata de erros técnicos isolados, mas de um arranjo coordenado com impactos específicos sobre a disputa presidencial.

A denúncia ganhou contornos internacionais quando Moncada mencionou declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, feitas horas antes da votação.

O anúncio norte-americano de que concederia “perdão absoluto” ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández — condenado por narcotráfico — teria influenciado diretamente o ambiente eleitoral.

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A candidata relatou ainda que foi atacada publicamente por Trump, que afirmou que “as pessoas inteligentes de Honduras a rejeitariam” e que “não poderia colaborar com Moncada e os comunistas”.

Em sua análise, essa postura ecoa estratégias retóricas da Guerra Fria, em que líderes externos rotulavam adversários latino-americanos para moldar resultados eleitorais e reforçar alianças com elites locais.

Moncada afirmou que o recurso ao termo “comunista” visa legitimar grupos que, segundo ela, concentram mais de 80% da riqueza nacional e buscam desestabilizar candidaturas que propõem reformas sociais de maior alcance.

Apesar da gravidade das denúncias, a candidata reforçou que “as eleições não estão perdidas” e que continuará lutando pela revisão integral das atas.

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Ela insistiu que apenas uma auditoria profunda poderá restabelecer a confiança pública e evitar que o país valide resultados carregados de irregularidades. Moncada afirmou que sua batalha é pela soberania popular e pela restauração da transparência em um processo que deveria refletir fielmente a escolha dos hondurenhos.

No encerramento de suas declarações, a representante do Partido Libre reforçou que não reconhecerá qualquer resultado que legitime candidatos ligados à “oligarquia”, acusada por ela de proteger interesses que mantêm o país em profunda desigualdade.

Moncada afirmou que seguirá mobilizando seu partido e setores da sociedade civil para garantir que “a vontade popular expressa nas urnas seja estritamente respeitada”, reiterando seu compromisso com os princípios de autodeterminação, democracia e soberania nacional.

Redação IA Dinheiro

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A Redação IA Dinheiro produz reportagens e conteúdos com foco em democracia, desigualdade e políticas públicas.

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