Opções para investir no exterior sem abrir conta fora do país

ETFs, BDRs e fundos internacionais podem ser ótimas alternativas para quem quer investir no exterior sem abrir conta fora do Brasil

Com o cenário econômico brasileiro ainda marcado por incertezas, cresce o interesse por soluções que permitam investir no exterior sem precisar abrir conta fora do país. BDRs, ETFs e fundos com estratégia global surgem como alternativas práticas para diversificação e proteção patrimonial.

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Segundo o boletim trimestral de Pessoa Física da B3, o número de investidores em renda variável subiu de 5,1 milhões para 5,4 milhões de CPFs ativos entre o segundo trimestre de 2024 e o mesmo período de 2025, um crescimento de 5 %.

O valor em custódia passou de R$ 552,3 bilhões para R$ 588,3 bilhões, alta de 7 %. Especificamente, 1 milhão de investidores estavam expostos a BDRs e 638,3 mil a ETFs no mesmo período.

BDRs: ações estrangeiras na B3

Uma das formas mais conhecidas de investir no exterior sem sair do Brasil é por meio dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Esses certificados representam ações de empresas estrangeiras, como Apple, Amazon ou Tesla, mas são negociados na própria B3.

Até alguns anos atrás, o acesso era restrito a investidores qualificados. Hoje, qualquer pessoa pode comprar BDRs com valores a partir de poucas dezenas de reais.

A negociação ocorre em reais, sem necessidade de envio de recursos para fora do país, e a tributação segue as mesmas regras das ações nacionais.

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ETFs com foco internacional

Outra alternativa são os ETFs (Exchange Traded Funds), fundos de índice que replicam carteiras de ativos internacionais. Na B3, há opções que acompanham índices globais, como o S&P 500, referência do mercado norte-americano.

Com isso, o investidor consegue ter exposição às maiores empresas do mundo, como Microsoft, Google e Johnson & Johnson, sem precisar abrir conta em corretoras estrangeiras.

Assim como nos BDRs, a negociação também é feita em reais e dentro do ambiente regulado da bolsa brasileira.

Fundos de investimento internacionais

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Os fundos de investimento são uma opção para quem prefere delegar a gestão dos recursos a profissionais especializados. Diversos gestores oferecem fundos multimercados e de ações que aplicam parte ou até a totalidade do patrimônio em ativos fora do Brasil.

Essa modalidade pode incluir desde títulos de renda fixa no exterior até papéis de empresas asiáticas ou europeias. A principal vantagem é contar com a expertise de gestores para selecionar ativos e fazer ajustes de acordo com o cenário econômico global.

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Investir em dólar: fundos cambiais

Para quem busca proteção contra a oscilação do real, os fundos cambiais são uma alternativa. Eles acompanham a variação de moedas como o dólar ou o euro e permitem que o investidor reduza riscos em momentos de instabilidade econômica no Brasil.

Embora não representem diretamente ações ou títulos de empresas estrangeiras, os fundos cambiais funcionam como uma porta de entrada simples para diversificação internacional, com aplicação mínima geralmente acessível.

Criptomoedas e ativos digitais globais

Nos últimos anos, as criptomoedas também se consolidaram como opção de investimento internacional. Embora mais arriscadas, permitem a exposição a um mercado descentralizado e global, sem fronteiras físicas.

Corretoras brasileiras já oferecem a possibilidade de negociar Bitcoin, Ethereum e outros ativos digitais em reais, ampliando o acesso de investidores que desejam diversificar além dos mercados tradicionais.

Como começar a investir em ativos internacionais?

1. Escolha a corretora

Abra conta em uma instituição brasileira autorizada pela B3.

2. Defina seu perfil

Avalie se busca proteção cambial, ações globais ou gestão profissional.

3. Estabeleça um valor inicial

Comece com aportes compatíveis ao seu orçamento, mesmo valores baixos.

4. Diversifique a carteira

Combine BDRs, ETFs, fundos e ativos locais para equilibrar riscos.

5. Acompanhe seus investimentos

Monitore variações cambiais, cenários globais e tributos aplicáveis.

6. Pense no longo prazo

Exposição internacional funciona melhor como estratégia duradoura.

O que considerar antes de investir

Mesmo com tantas alternativas, investir no exterior — ainda que indiretamente — exige planejamento. Entre os pontos que devem ser avaliados estão:

  • Perfil de risco: ativos internacionais podem oscilar de acordo com crises externas ou variações cambiais;
  • Tributação: cada modalidade tem regras próprias de imposto de renda, que devem ser observadas com atenção;
  • Horizonte de investimento: a diversificação global costuma ser mais efetiva no médio e longo prazo.

Mais oportunidades, menos burocracia

A possibilidade de investir em ativos estrangeiros sem abrir conta fora do país ampliou as portas do mercado internacional para milhões de brasileiros.

Com opções que vão de BDRs a fundos cambiais, passando por ETFs e fundos multimercados, a diversificação geográfica se tornou mais acessível e democrática.

Para quem deseja reduzir riscos e explorar novas oportunidades além do Tesouro Direto, as alternativas disponíveis na própria B3 já oferecem um leque variado de possibilidades.

A escolha dependerá do perfil de cada investidor e da disposição em expandir horizontes além das fronteiras nacionais.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente é consultor financeiro e redator especialista em finanças.

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