Inteligência artificial pode elevar comércio global em até 40% até 2040, diz OMC

Relatório aponta ganhos em produtividade e redução de custos, mas alerta para risco de aprofundar desigualdades

A inteligência artificial (IA) pode transformar o comércio internacional nas próximas décadas, aumentando em até 40% o valor das trocas de bens e serviços até 2040, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (17) pela Organização Mundial do Comércio (OMC). O documento destaca que, além de impulsionar a produtividade, a tecnologia tem potencial para reduzir custos logísticos e ampliar o acesso de pequenos produtores a mercados globais.

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Ganhos para economia mundial

De acordo com as projeções, o comércio global poderia crescer entre 34% e 37% sob diferentes cenários de adoção da IA, enquanto o PIB mundial avançaria de 12% a 13% no mesmo período.

Para a OMC, a tecnologia surge como um “ponto positivo” em meio ao cenário turbulento do comércio internacional, marcado por tarifas adicionais e disputas comerciais recentes.

A vice-diretora-geral da entidade, Johanna Hill, afirmou que a IA está “reconfigurando o futuro da economia global” e que seu uso estratégico pode ajudar países e empresas a superar barreiras, aumentar eficiência e reduzir custos de exportação.

Redução de custos e novas oportunidades

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O estudo aponta que a inteligência artificial pode simplificar processos regulatórios, otimizar cadeias de suprimentos e tornar a comunicação mais eficiente.

Tecnologias de tradução automática, por exemplo, podem permitir que pequenos produtores e varejistas alcancem clientes em novos mercados com menor custo.

Nos países de baixa renda, a expectativa é que a adoção da IA possa elevar em até 11% o crescimento das exportações, desde que haja investimentos em infraestrutura digital e políticas de inclusão tecnológica.

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Desafios e riscos

Apesar do potencial, a OMC alerta para os riscos de ampliação das desigualdades econômicas. Sem políticas específicas de qualificação profissional e redes de proteção social, trabalhadores e até economias inteiras podem ser prejudicados pela automação.

A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, afirmou que os governos precisarão adotar medidas de transição, como programas de educação, requalificação e treinamento, além de políticas de amparo a setores mais vulneráveis.

Segundo ela, “a IA pode transformar mercados de trabalho, criando novas funções, mas também eliminando outras. Gerir essas mudanças exigirá investimentos em capacitação e em políticas sociais”.

Regras e políticas inclusivas

O relatório defende a importância de um ambiente previsível de comércio, sustentado pelas regras multilaterais da OMC. Também recomenda a redução de tarifas sobre matérias-primas essenciais para a IA, como semicondutores, para garantir maior acesso às tecnologias.

A entidade enfatiza que, sem cooperação internacional e políticas inclusivas, a inteligência artificial corre o risco de aprofundar a divisão entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

“As vantagens só serão plenamente aproveitadas se a transição tecnológica for acompanhada de medidas que assegurem benefícios compartilhados”, conclui o documento.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista e redator especializado em economia, finanças e investimentos, com experiência em cobertura de mercado, políticas públicas e programas sociais. É Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Autor e fundador do portal IA do Dinheiro.

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