Inflação

Depois de oito semanas seguidas de revisões para baixo, o Boletim Focus voltou a reduzir a expectativa de inflação para 2025. Agora, o mercado prevê que o IPCA encerrará o ano em 5,10%, uma leve melhora em relação aos 5,17% projetados anteriormente.

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A inflação de 2026, pela primeira vez, caiu para 4,45%, ficando abaixo do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.

Embora o movimento seja positivo, ele não representa um alívio imediato para quem está na ponta — especialmente para pequenos negócios que dependem de margens apertadas, preços sensíveis e custos em alta.

A inflação permanece acima da meta central e, apesar de estar cedendo, o consumidor continua cauteloso, limitando a margem de manobra para reajustes.

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Juros em 15% mantêm o crédito travado

O dado mais incômodo do relatório é a estabilidade da taxa Selic. O mercado não espera qualquer corte em 2025, mantendo a previsão em 15% até o final do ano. Para o empreendedor, isso significa crédito ainda muito caro e perigoso.

Na prática, linhas de financiamento continuam com juros proibitivos, o que limita planos de expansão ou mesmo a cobertura de capital de giro. Antecipações de recebíveis, embora tentadoras, podem corroer rapidamente a margem, transformando fluxo em buraco.

Empresas que dependem de crédito rotativo ou de empréstimos recorrentes precisarão repensar sua estrutura de caixa. É um momento em que reduzir desperdícios e manter liquidez pode fazer mais diferença do que qualquer campanha de venda.

Câmbio estável e PIB sem surpresas: o que isso revela?

O Focus também manteve a previsão de crescimento do PIB em 2,23%, reforçando o sentimento de estabilidade com baixa aceleração econômica. Já o dólar deve fechar 2025 em torno de R$ 5,65, patamar similar ao atual.

Esse cenário de previsibilidade relativa ajuda a reduzir a incerteza na tomada de decisões — principalmente para negócios que trabalham com insumos importados ou precificação atrelada ao câmbio.

Ainda assim, não há margem para euforia. Com um crescimento tímido e juros altos, o ciclo de 2025 será, mais uma vez, de sobrevivência para muitos empreendedores.


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A hora é de cautela e leitura estratégica

O cenário traçado pelo Focus exige que os pequenos negócios operem com inteligência financeira real. Não é hora de improvisar: é hora de planejar. A inflação está recuando, mas o juro alto continuará pressionando qualquer decisão errada.

Negociar com fornecedores, revisar contratos, enxugar custos e proteger a margem são os movimentos mais urgentes. E para quem tem caixa positivo, é momento de pensar em aplicar com segurança em produtos conservadores que estão rendendo bem.

O que esperar daqui para frente?

Se a tendência de desaceleração da inflação continuar, o Banco Central poderá sinalizar cortes da Taxa Selic em 2026. Mas até lá, os negócios seguirão sob pressão. O empreendedor brasileiro, mais uma vez, terá que vencer na raça os desafios econômicos. 

Vale dizer que a economia pode estar dando sinais de estabilidade, mas a recuperação ainda está longe de bater à porta. E quem entender esse jogo com antecedência, terá mais chances de atravessar o ano com caixa forte e clientes fiéis.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista com foco em economia e sociedade, dedica-se a investigar como decisões econômicas, políticas e sociais se entrelaçam na construção de um Estado de bem-estar social no Brasil.

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