Inflação recua, mas Selic trava em 15%: o que isso muda no caixa das pequenas empresas?

Relatório Focus desta segunda (21) aponta queda na inflação de 2025, mas os juros continuam altos. Entenda como esse cenário impacta quem empreende.

Depois de oito semanas seguidas de revisões para baixo, o Boletim Focus voltou a reduzir a expectativa de inflação para 2025. Agora, o mercado prevê que o IPCA encerrará o ano em 5,10%, uma leve melhora em relação aos 5,17% projetados anteriormente.

A inflação de 2026, pela primeira vez, caiu para 4,45%, ficando abaixo do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.

Embora o movimento seja positivo, ele não representa um alívio imediato para quem está na ponta — especialmente para pequenos negócios que dependem de margens apertadas, preços sensíveis e custos em alta.

A inflação permanece acima da meta central e, apesar de estar cedendo, o consumidor continua cauteloso, limitando a margem de manobra para reajustes.

Prefere ouvir o artigo? Então aperte o play!

Juros em 15% mantêm o crédito travado

O dado mais incômodo do relatório é a estabilidade da taxa Selic. O mercado não espera qualquer corte em 2025, mantendo a previsão em 15% até o final do ano. Para o empreendedor, isso significa crédito ainda muito caro e perigoso.

Na prática, linhas de financiamento continuam com juros proibitivos, o que limita planos de expansão ou mesmo a cobertura de capital de giro. Antecipações de recebíveis, embora tentadoras, podem corroer rapidamente a margem, transformando fluxo em buraco.

Empresas que dependem de crédito rotativo ou de empréstimos recorrentes precisarão repensar sua estrutura de caixa. É um momento em que reduzir desperdícios e manter liquidez pode fazer mais diferença do que qualquer campanha de venda.

Câmbio estável e PIB sem surpresas: o que isso revela?

O Focus também manteve a previsão de crescimento do PIB em 2,23%, reforçando o sentimento de estabilidade com baixa aceleração econômica. Já o dólar deve fechar 2025 em torno de R$ 5,65, patamar similar ao atual.

Esse cenário de previsibilidade relativa ajuda a reduzir a incerteza na tomada de decisões — principalmente para negócios que trabalham com insumos importados ou precificação atrelada ao câmbio.

Ainda assim, não há margem para euforia. Com um crescimento tímido e juros altos, o ciclo de 2025 será, mais uma vez, de sobrevivência para muitos empreendedores.


Leia também:


A hora é de cautela e leitura estratégica

O cenário traçado pelo Focus exige que os pequenos negócios operem com inteligência financeira real. Não é hora de improvisar: é hora de planejar. A inflação está recuando, mas o juro alto continuará pressionando qualquer decisão errada.

Negociar com fornecedores, revisar contratos, enxugar custos e proteger a margem são os movimentos mais urgentes. E para quem tem caixa positivo, é momento de pensar em aplicar com segurança em produtos conservadores que estão rendendo bem.

O que esperar daqui para frente?

Se a tendência de desaceleração da inflação continuar, o Banco Central poderá sinalizar cortes da Taxa Selic em 2026. Mas até lá, os negócios seguirão sob pressão. O empreendedor brasileiro, mais uma vez, terá que vencer na raça os desafios econômicos. 

Vale dizer que a economia pode estar dando sinais de estabilidade, mas a recuperação ainda está longe de bater à porta. E quem entender esse jogo com antecedência, terá mais chances de atravessar o ano com caixa forte e clientes fiéis.

José Carlos Sanchez Jr.

Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente é consultor financeiro e redator especialista em finanças.

🔗 Leia mais matérias de José Carlos Sanchez Jr.
Scroll to Top