Caracas (Venezuela) — Dois caças F-18 dos Estados Unidos realizaram, na terça-feira (9), um sobrevoo não autorizado sobre a zona venezuelana do Golfo, permanecendo cerca de 40 minutos na região. A incursão, registrada pelo Flightradar24, ocorreu a cerca de 160 quilômetros do Lago Maracaibo e elevou a tensão entre Caracas e Washington, em meio à ampliação de operações militares norte-americanas no Caribe sob justificativa de combate ao narcotráfico.
Segundo os dados de rastreamento, as aeronaves ingressaram no espaço aéreo venezuelano por volta do meio-dia, seguindo rota que formou um desenho circular sobre o Golfo. Os caças mantinham altitude próxima de 7.600 metros e permaneceram dentro da área por tempo superior ao habitual para missões de vigilância. Não houve registro de resposta militar venezuelana divulgada publicamente até o momento.
A manobra é considerada, até agora, a incursão aérea norte-americana mais próxima do território venezuelano desde o início da escalada militar promovida pelo governo Donald Trump na região. Em ocasiões anteriores, bombardeiros B-52 Stratofortress e B-1 Lancer se aproximaram da costa do país, mas não avançaram sobre o espaço aéreo local. A operação com F-18 representa, portanto, um passo adicional na pressão exercida por Washington.
Relatos do jornal El País indicam que, após as voltas sobre o Golfo, os caças seguiram rumo a um ponto próximo de Aruba, onde opera o porta-aviões USS Gerald Ford, o maior da frota norte-americana.
O navio, que carrega esquadrões de F-18, está no Caribe desde novembro apoiando o destacamento militar dos Estados Unidos na região, estimado em cerca de 15 mil soldados.
Desde setembro, a Casa Branca ampliou o número de operações marítimas e aéreas sob o argumento de combater o tráfico de drogas. A iniciativa, lançada sem aprovação formal do Congresso norte-americano, tem sido criticada por especialistas e governos da região, que apontam uso político e militarização indevida do Caribe.
De acordo com autoridades venezuelanas, ações desse tipo já resultaram em dezenas de mortes relacionadas a confrontos marítimos desde o início da operação.
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As tensões aumentaram após declarações recentes do presidente Donald Trump. Em entrevista ao site norte-americano Politico, o republicano afirmou que “os dias de Nicolás Maduro estão contados” e não descartou o envio de tropas terrestres à Venezuela.
Ele também citou possíveis ações contra outros países latino-americanos sob acusação de ligação com o narcotráfico, incluindo México e Colômbia.
Enquanto isso, Caracas acusa Washington de promover uma política de intimidação militar e violar normas internacionais ao realizar sobrevoos sem autorização. Para o governo venezuelano, as operações refletem uma estratégia mais ampla de pressão política e desestabilização regional.











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