O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) iniciou, a partir de 12 de setembro, uma convocação nacional para que 2 milhões de famílias atualizem seus dados no Cadastro Único (CadÚnico). O alerta vem acompanhado de um recado direto: quem não comparecer corre o risco de ter benefícios como Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC) e tarifa social de energia bloqueados por até dois meses — e, em seguida, cancelados.
Prefere ouvir o artigo? Então aperte o play!
Quem está na mira da revisão
O público chamado nesta etapa é o chamado “Público 8”, composto por famílias cuja última atualização do CadÚnico ocorreu entre janeiro e agosto de 2023. A lista nominal será disponibilizada aos gestores municipais no fim de setembro, por meio do Sistema de Gestão do Programa Bolsa Família (SIGPBF).
A atualização é obrigatória porque o CadÚnico funciona como porta de entrada para a maioria dos programas sociais. Sem ele em dia, famílias deixam de ser reconhecidas pelo sistema, o que pode abrir brechas para fraudes e pagamentos indevidos. A estratégia, portanto, busca garantir que os recursos cheguem a quem realmente precisa.
Como fazer a atualização
O processo deve ser conduzido pelo Responsável Familiar ou por um representante legal. Os documentos variam conforme a situação:
- Responsável Familiar: CPF ou título de eleitor;
- Demais membros da família: CPF, RG, certidão de nascimento ou casamento, título de eleitor ou carteira de trabalho;
- Representante legal: termo de guarda, tutela ou curatela.
O atendimento é feito nos setores do CadÚnico de cada município, geralmente localizados nos CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) ou nas Secretarias Municipais de Assistência Social.
Famílias unipessoais ainda precisam passar por entrevista domiciliar, com exceções previstas para indígenas, quilombolas e pessoas em situação de rua.
Leia mais
Impacto social e recado do governo
Segundo o MDS, a revisão tem duplo objetivo: proteger o orçamento público e acompanhar a real condição socioeconômica das famílias.
Entre 2023 e julho de 2025, o número de famílias registradas em situação de pobreza caiu 25%, passando de 26,1 milhões para 19,56 milhões. Isso significa que 6,55 milhões de famílias superaram a linha de R$ 218 de renda mensal por pessoa.
O ministro Wellington Dias reforçou que a medida é estratégica: “Nosso foco é tirar as pessoas da fome e da pobreza, combinando crescimento econômico e inclusão social”.
Ao mesmo tempo, a convocação serve como alerta: quem não atualizar pode perder benefícios em um momento de fragilidade. Para especialistas ouvidos pela IA do Dinheiro, a mensagem do governo é clara: o CadÚnico não é apenas burocracia, mas um filtro essencial para que políticas sociais tenham credibilidade e sejam sustentáveis.
O que está em jogo
O anúncio ocorre em meio a discussões sobre o orçamento de 2026, que prevê a manutenção do Bolsa Família sem reajuste no valor médio de R$ 671.
A revisão cadastral, portanto, ganha peso político: cortar pagamentos indevidos é uma forma de preservar recursos em um cenário de restrição fiscal.
Com a atualização, o governo busca mostrar controle sobre o gasto social e, ao mesmo tempo, reforçar a ideia de que o benefício deve ser direcionado exclusivamente a famílias em situação de vulnerabilidade.
Em resumo, a convocação de 2 milhões de famílias para revisar o CadÚnico não é apenas uma exigência burocrática. É um movimento que conecta duas frentes: a proteção do orçamento e a credibilidade das políticas de combate à pobreza.