Fed deve cortar juros pela primeira vez em dois anos nesta semana: veja o que muda

Decisão do banco central dos Estados Unidos será anunciada nesta quarta-feira (17) e deve reduzir a taxa básica em 0,25 ponto percentual.

O Federal Reserve deve cortar os juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira (17), no primeiro recuo desde 2023. A decisão pode mexer no dólar, nos mercados globais e nos investimentos no Brasil.

continua depois da publicidade

Prefere ouvir o artigo? Então aperte o play!

Impacto da decisão do Fed sobre a economia global

O Fed manteve os juros em patamar elevado nos últimos dois anos para conter a inflação, que chegou a ultrapassar 8% em 2022. Desde então, a política monetária foi considerada restritiva, com a taxa básica no intervalo de 4,25% a 4,50%.

Com a inflação em trajetória de desaceleração e a atividade econômica americana dando sinais de perda de fôlego, o banco central abre espaço para reduzir gradualmente o custo do crédito.

O movimento é visto como um divisor de águas para a política monetária internacional, já que os juros americanos servem de referência global para capitais, dívidas e moedas.

A reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) será acompanhada de perto por investidores, governos e bancos centrais em todo o mundo.

Além da decisão sobre os juros, o Fed deve divulgar novas projeções sobre crescimento, inflação e desemprego nos Estados Unidos.

Reação do dólar e dos mercados globais

continua depois da publicidade

O corte nos juros pode enfraquecer o dólar frente a outras moedas, já que ativos americanos passam a render menos. Esse movimento tende a beneficiar moedas emergentes, como o real, e ampliar a liquidez global.

Nos mercados de ações, a expectativa é de maior apetite por risco, especialmente em setores ligados a tecnologia, consumo e commodities.

Já nos títulos de renda fixa, os rendimentos de Treasuries tendem a cair, ajustando o prêmio exigido pelos investidores para manter capital nos EUA.

O efeito, no entanto, dependerá do tom do comunicado do Fed. Se a autoridade sinalizar um ciclo de cortes rápidos, o impacto nos mercados pode ser mais intenso.

Caso adote uma postura cautelosa, indicando cortes graduais e condicionados a dados econômicos, a reação pode ser mais moderada.

Leia mais

Impacto do corte de juros dos EUA no Brasil

No Brasil, o impacto deve ser sentido primeiro no câmbio. O dólar já vinha em queda nas últimas semanas e fechou a segunda-feira (15) em R$ 5,32, menor valor em 15 meses. Um corte nos juros americanos pode reforçar essa tendência, valorizando ainda mais o real.

Na renda fixa, a Selic em 15% mantém o diferencial elevado em relação à taxa americana. Isso reforça a atratividade de títulos públicos brasileiros para investidores estrangeiros, que encontram no país retornos mais altos com risco relativamente controlado.

Na bolsa, a entrada de capital externo pode beneficiar ações ligadas ao consumo interno, que ganham fôlego com condições financeiras mais favoráveis. Exportadoras, por outro lado, podem enfrentar pressão caso o real se valorize excessivamente, reduzindo receitas em dólar.

Decisão do Fed influencia economias emergentes

Países com dívida em dólar podem se beneficiar de custos menores de financiamento, enquanto exportadores de commodities acompanham de perto os efeitos sobre os preços internacionais de petróleo, minério de ferro e alimentos.

Ao mesmo tempo, um ciclo de cortes nos EUA pode levar outros bancos centrais a revisar suas próprias políticas monetárias. Na Europa e no Reino Unido, há expectativa de que a decisão do Fed abra espaço para ajustes mais brandos, embora a inflação ainda seja motivo de preocupação nessas regiões.

Com o anúncio desta quarta-feira (17), o Fed define não apenas a trajetória da política monetária americana, mas também o rumo dos mercados globais e emergentes.

Para o Brasil, os reflexos devem ser imediatos no câmbio, na renda fixa e na bolsa, reforçando a conexão entre as decisões de Washington e o dia a dia da economia local.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista e redator especializado em economia, finanças e investimentos, com experiência em cobertura de mercado, políticas públicas e programas sociais. É Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Autor e fundador do portal IA do Dinheiro.

Scroll to Top