O governo brasileiro anunciou nesta semana que não vai retaliar as tarifas de até 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos de exportação. Em vez disso, optou por medidas de alívio interno, como crédito público e apoio à exportação, buscando proteger empresas nacionais sem agravar a tensão comercial. A decisão evita uma guerra tarifária, mas levanta dúvidas sobre a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional.
Segundo a agência Reuters, a equipe econômica descartou, neste momento, qualquer tipo de retaliação direta aos EUA. O foco será proteger a indústria nacional com subsídios, linhas especiais de crédito e programas de incentivo à exportação. “Vamos cuidar dos nossos”, afirmou uma fonte do governo ao veículo.
A decisão ocorre em meio a pressões políticas internas e à fragilidade da Organização Mundial do Comércio (OMC), o que reduz a eficácia de uma queixa formal. Mesmo assim, o governo brasileiro deverá apresentar uma reclamação simbólica à OMC e abrir diálogo com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, ainda esta semana.
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Por que o governo não vai retaliar?
A avaliação da equipe econômica é que uma retaliação comercial poderia gerar efeitos colaterais ainda mais nocivos às empresas brasileiras — especialmente as que atuam nas cadeias globais de valor. Em vez disso, o governo prepara um pacote de medidas voltadas para:
- Redução temporária de impostos de importação para insumos industriais;
- Expansão de linhas do BNDES e da Finep para empresas exportadoras;
- Renegociação de contratos com prejuízos diretos causados pelas tarifas;
- Suporte jurídico para grupos empresariais com atuação internacional.
Segundo apuração da Reuters, medidas mais duras como a suspensão de pagamentos de royalties para empresas norte-americanas ainda estão sobre a mesa, mas como última opção.
Tarifas dos EUA e os impactos sobre as empresas brasileiras
As tarifas de até 50% afetam especialmente setores como metalurgia, papel e celulose, produtos químicos e parte do agronegócio de alto valor agregado. Pequenas e médias indústrias que exportam para os EUA podem sentir o baque com força — e, por isso, o governo tenta evitar uma quebra de confiança nas rotas de exportação.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e entidades de classe já demonstraram apoio à estratégia de “proteção interna”, mas alertam que será preciso agir com rapidez para não perder contratos internacionais.
“É melhor garantir apoio direto às empresas do que entrar em uma guerra comercial que ninguém ganha”, disse um representante da CNI ao Estadão.
Além disso, o momento é delicado para o Brasil: o país tenta mostrar estabilidade institucional e responsabilidade fiscal para atrair investimentos. Uma retaliação dura poderia gerar instabilidade no câmbio e afastar parceiros comerciais — algo que o Ministério da Fazenda quer evitar.
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Contexto geopolítico e o papel da diplomacia econômica
A crise ocorre em um momento de enfraquecimento da OMC, onde disputas comerciais se arrastam sem resolução eficaz. O Brasil, ciente disso, busca resolver a tensão com os EUA de forma diplomática e pragmática.
O ministro Fernando Haddad já indicou que conversará por telefone com o secretário do Tesouro norte-americano e, dependendo do tom da conversa, poderá organizar um encontro presencial. Nos bastidores, o Itamaraty também atua para evitar que a crise ganhe proporções maiores.
Internamente, o governo Lula tenta equilibrar discurso soberano com pragmatismo econômico — apostando em mecanismos de compensação que fortaleçam empresas nacionais sem queimar pontes com o mercado norte-americano.
Conclusão
A escolha do Brasil de não retaliar os EUA pelas tarifas e, em vez disso, proteger seus exportadores com apoio interno, mostra uma guinada estratégica na política comercial.
O empresariado deve acompanhar de perto os desdobramentos e, sobretudo, entender quais oportunidades podem surgir com os novos incentivos que vêm aí.
Fique de olho nos próximos dias: as medidas oficiais podem representar um novo ciclo de estímulos para empresas que exportam — ou que querem começar a exportar.
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