Petróleo

Libreville — A Exxon Mobil assinou nesta quarta-feira (22) um memorando de entendimento com o governo do Gabão para explorar petróleo e gás em águas profundas no litoral do país africano. O acordo, de caráter não vinculante, marca a retomada da presença da companhia na região central da África e reforça o movimento das grandes petroleiras de reposicionar portfólios em áreas de menor restrição ambiental e regulatória.

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A Exxon, maior empresa de energia dos Estados Unidos, já atua em nações como Nigéria, Angola e Moçambique, mas havia encerrado suas operações na Guiné Equatorial em 2022, citando custos crescentes e instabilidade política.

O novo compromisso com o Gabão representa um retorno ao continente em um momento de tensão global sobre o ritmo da transição energética e a segurança no fornecimento de hidrocarbonetos.

Em comunicado divulgado à imprensa, a companhia afirmou que trabalhará com o governo gabonês “na exploração de áreas de águas profundas e ultraprofundas com potencial para novos campos de petróleo e gás”.

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Fontes ligadas ao Ministério do Petróleo do Gabão disseram ao portal Africa Energy Intelligence que a negociação envolve zonas próximas às fronteiras marítimas com o Congo e Angola, consideradas promissoras após recentes descobertas na bacia do Kwanza.

A iniciativa se soma a outros acordos recentes firmados pela Exxon em países fora do eixo tradicional da OPEP. Em agosto, a empresa voltou a operar em Trinidad e Tobago após duas décadas, em parceria com a estatal local, em um movimento que especialistas interpretam como uma tentativa de garantir oferta futura diante do avanço de políticas de transição energética nos países desenvolvidos.

Segundo o analista de energia Robert McNally, presidente da consultoria Rapidan Energy Group, “as grandes petroleiras buscam equilíbrio entre metas de descarbonização e a necessidade de assegurar fluxo de caixa de longo prazo”, disse em entrevista à Bloomberg.

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“A África, pela estabilidade de seus contratos e pela menor pressão ambiental, tornou-se uma alternativa estratégica.”

O Gabão, que voltou à Comunidade dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em 2016, depende fortemente da receita petroleira, responsável por cerca de 40% do PIB.

O governo local vê a parceria com a Exxon como forma de atrair investimento e tecnologia para exploração offshore, reduzindo a dependência de campos maduros onshore.

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O acordo reforça a tendência de migração de capitais para regiões emergentes em um cenário de restrições ambientais mais severas na Europa e nos Estados Unidos. O petróleo do Golfo da Guiné, de qualidade leve e baixo teor de enxofre, tem sido valorizado por refinarias asiáticas, sobretudo na China e na Índia.

Em um momento em que a Europa reduz o financiamento de novos projetos fósseis, a aposta da Exxon no Gabão sugere que a geopolítica ainda pesa mais do que as metas climáticas no planejamento das grandes companhias. Enquanto o mundo discute o pós-petróleo, o capital continua seguindo onde há reservas e previsibilidade contratual.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista com foco em economia e sociedade, dedica-se a investigar como decisões econômicas, políticas e sociais se entrelaçam na construção de um Estado de bem-estar social no Brasil.

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