A energia solar e a eólica ultrapassaram a marca de 34% da matriz elétrica brasileira, consolidando o país como uma das potências mundiais em fontes renováveis. O dado, referente a agosto de 2025, sinaliza não apenas uma mudança no perfil energético, mas também um reposicionamento econômico, com impactos diretos nos custos de produção, nas oportunidades de investimento e no avanço da chamada economia circular.
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Queda de custos e competitividade industrial
O crescimento acelerado das energias renováveis já se reflete em preços mais competitivos. A energia solar distribuída, instalada em telhados e pequenas propriedades, reduziu em até 40% o gasto mensal de famílias e empresas nos últimos cinco anos.
Na indústria, setores eletrointensivos começam a reavaliar estratégias diante da possibilidade de contratos de longo prazo com usinas solares e parques eólicos. A redução da dependência de hidrelétricas e termelétricas também suaviza os riscos de volatilidade em períodos de seca ou alta no preço dos combustíveis fósseis.
Esse movimento pode melhorar a competitividade do Brasil em cadeias globais, já que empresas exportadoras passam a oferecer produtos com menor pegada de carbono — exigência crescente em mercados como União Europeia e Estados Unidos.
Investimentos bilionários e fundos ESG
O avanço da energia limpa tem atraído recursos de fundos de investimento nacionais e estrangeiros. Somente em 2025, os aportes em projetos solares e eólicos ultrapassaram R$ 35 bilhões, com destaque para debêntures incentivadas e fundos de infraestrutura (FI-Infra).
O mercado também observa um movimento de empresas de capital aberto buscando alinhar-se à agenda ESG (ambiental, social e governança) para acessar linhas de crédito mais baratas. Bancos e fintechs de crédito rural, por exemplo, já oferecem taxas diferenciadas a produtores que investem em geração renovável própria.
Esse fluxo de capital fortalece a lógica da economia circular: reaproveitamento de recursos, redução de desperdícios e geração de valor econômico alinhada à sustentabilidade.
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Um futuro mais previsível para o setor elétrico
Com a energia solar e eólica garantindo mais de um terço da energia consumida no país, a matriz brasileira se torna mais diversificada e resiliente. O desafio, agora, será ampliar os investimentos em armazenamento e transmissão para equilibrar a intermitência dessas fontes.
Para a economia, quanto maior a participação da energia limpa, menor a pressão sobre tarifas e maior a segurança para empresas planejarem investimentos de longo prazo.
O marco de 34% não é apenas estatístico. Ele aponta para uma virada estrutural, em que o custo da energia e a atração de investimentos verdes passam a caminhar juntos, reforçando o papel do Brasil como protagonista na transição para uma economia circular.