As mudanças no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), que entram em vigor em janeiro de 2026, devem beneficiar cerca de 73,5% dos professores da educação básica no Brasil. A estimativa é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que avaliou os efeitos da nova faixa de isenção para quem ganha até R$ 5 mil e da redução do imposto para rendas até R$ 7.350 mensais.
De acordo com o levantamento divulgado nesta quarta-feira (17), mais de 600 mil docentes deixarão de pagar o Imposto de Renda. A proporção de professores isentos deve saltar de 19,7% para 51,6% com a nova regra.
Outros 21,9% terão redução da carga tributária, totalizando 73,5% da categoria entre os beneficiados. O Ipea estima que, ao longo de um ano, o impacto financeiro positivo pode equivaler a um “14º salário” para parte dos profissionais.
A mudança decorre da Lei nº 15.270/2025, proposta pelo governo federal e sancionada em novembro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O estudo – intitulado O imposto na ponta do giz – analisou dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) com base em microdados de 2022, contemplando docentes da educação infantil, ensino fundamental e médio das redes pública e privada.
Segundo a presidente do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo, a medida amplia a renda disponível dos professores e tem efeito direto sobre o orçamento das famílias, sobretudo entre profissionais com remuneração próxima ao piso do magistério.
Já o pesquisador Adriano Souza Senkevics destacou que a correção da tabela corrige uma defasagem histórica e tem potencial de impacto econômico espalhado pelo país, já que os professores compõem uma das maiores categorias profissionais nacionais.
O estudo aponta ainda que o efeito varia conforme estados e municípios, devido às diferenças salariais e planos de carreira. Em alguns estados, como Minas Gerais, Tocantins e Roraima, a parcela de professores isentos pode subir de 20% para 60%, segundo as projeções.
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No Distrito Federal, onde os salários do magistério estão entre os mais altos do país, a proporção de isentos deve mais que dobrar, passando de 10% para 25%.
O Ipea reforça que o efeito deve ser observado ao longo de 2026 e terá reflexo não apenas na renda dos profissionais, mas também na economia local, devido ao aumento da capacidade de consumo das famílias de professores.
O estudo integra a agenda de avaliação dos impactos sociais e econômicos da reforma do Imposto de Renda sobre diferentes categorias trabalhistas no país.











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