O Brasil voltou a surpreender nos números da economia, mas com sinais contraditórios. O PIB cresceu 0,4% entre abril e junho, segundo o IBGE, resultado acima da previsão de 0,3% e que manteve o país no 6º lugar entre os que mais cresceram no G20 nos últimos 12 meses. No acumulado, a alta foi de 3,2%, superando economias desenvolvidas como Alemanha, Japão e Reino Unido.
Apesar da boa posição no ranking global, os dados revelam um desafio estrutural: o avanço está apoiado quase exclusivamente no consumo das famílias, que cresceu 0,5% no trimestre. Já os investimentos recuaram 2,2% e o gasto público caiu 0,6%, abrindo dúvidas sobre a sustentabilidade desse ritmo nos próximos meses.
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Consumo garante, mas até quando?
O motor do crescimento foi o comportamento das famílias, que continuaram gastando mesmo diante de juros em 15% e inflação controlada. O aumento do crédito, além do reforço dos programas sociais, ajudou a manter o fôlego do consumo.
Para especialistas ouvidos pelo blog da IA do Dinheiro, o risco é que esse impulso seja temporário. Sem novos investimentos produtivos, a economia pode encontrar limites no médio prazo, com impacto no emprego e na renda.
Como o Brasil se compara a outros países do G20
Apesar da desaceleração no trimestre, o Brasil aparece bem posicionado no ranking global. Entre os países do G20, apenas economias emergentes como Índia e Indonésia tiveram desempenho superior no acumulado de 12 meses.
Já potências tradicionais, como Estados Unidos, Alemanha e Japão, registraram expansão mais fraca ou até retração em determinados setores.
Essa diferença ajuda a explicar a confiança dos investidores estrangeiros, que enxergam no Brasil um mercado ainda resiliente em meio à instabilidade mundial.
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Contraste com países ricos
Estar entre os que mais crescem no G20 reforça a confiança externa, ainda mais em um cenário de desaceleração global. Tanto que o governo conseguiu captar US$ 1,75 bilhão em títulos no mercado internacional nesta semana, operação que teve forte demanda de investidores.
O contraste, porém, é claro: enquanto o Brasil cresce puxado pelo consumo imediato, outros países investem em inovação, produtividade e indústria de longo prazo.
O que esperar daqui para frente
Com a economia perdendo fôlego, o debate sobre a Selic deve ganhar força. Analistas já avaliam que a combinação de PIB fraco e inflação em queda pode abrir espaço para cortes de juros ainda em 2025.
Uma decisão do Banco Central nesse sentido ajudaria a reduzir o custo do crédito e estimular os investimentos — justamente o ponto frágil revelado nos números do segundo trimestre.