O dólar comercial saltou para R$ 5,36 nesta quinta-feira (25), refletindo a busca global por proteção em meio à cautela com a trajetória de juros nos Estados Unidos e balanços corporativos mais fracos. A moeda norte-americana valorizada ampliou a pressão sobre a bolsa brasileira, que já vinha de uma sequência de ganhos recentes e entrou em movimento de realização de lucros. No pregão, fatores externos e internos se somaram e levaram o mercado a encerrar no negativo, com destaque para o tombo da Ambipar.
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Fluxo externo e juros travam apetite por risco
Em Nova York, os principais índices de ações recuaram diante do temor de que o Federal Reserve mantenha os juros elevados por mais tempo.
A agenda de balanços também reforçou a cautela, reduzindo a disposição por ativos de maior risco. Nesse ambiente, o dólar ganhou força frente às moedas emergentes, e o real não escapou da pressão.
No Brasil, a leitura do IPCA-15 acima do esperado reforçou a percepção de que o Banco Central terá pouca margem para reduzir a Selic no curto prazo. O dado se somou ao clima global adverso e reduziu o ímpeto comprador em setores mais sensíveis ao crédito.
Ibovespa recua e fecha abaixo dos 146 mil pontos
A bolsa brasileira acompanhou o movimento. O Ibovespa encerrou o dia em queda de 0,81%, aos 145.306,23 pontos, após oscilar entre a máxima de 146.519 e a mínima de 145.186 pontos. O volume financeiro somou R$ 20,5 bilhões, dentro da média recente.
A realização de lucros se espalhou por papéis ligados ao consumo, varejo e construção, pressionados pelo cenário de juros altos e dólar mais caro. O movimento também refletiu a saída de fluxo estrangeiro diante da maior aversão global ao risco.
Ambipar despenca e rouba a cena do pregão
No noticiário corporativo, a maior atenção ficou com a Ambipar (AMBP3), que desabou após decisão judicial barrar a cobrança antecipada de dívidas.
A notícia aumentou as preocupações sobre a saúde financeira da companhia e contaminou o humor no setor de serviços ambientais.
Entre as blue chips, Petrobras (PETR4) chegou a sustentar o índice em parte da sessão, acompanhando a valorização do petróleo no mercado internacional, mas perdeu fôlego no final do dia.
Bancos e mineradoras, que costumam oferecer resiliência em momentos de turbulência, também cederam diante da força do dólar.
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Perspectivas para o próximo pregão
A atenção dos investidores agora se volta para a agenda internacional. Nos Estados Unidos, indicadores de emprego e atividade devem ajudar a calibrar as apostas sobre os próximos passos do Fed.
No Brasil, os agentes seguem monitorando os desdobramentos da inflação e a sinalização do Banco Central para os próximos meses.
O câmbio deve continuar no radar, já que a valorização recente do dólar pode afetar as expectativas de inflação e mexer com a dinâmica de empresas importadoras.
A bolsa, por sua vez, tende a seguir reagindo ao humor externo, mas com espaço para movimentos setoriais pontuais em meio à temporada de notícias corporativas.