A Direcional Engenharia (DIRR3) consolidou em 2025 sua posição como uma das empresas mais resilientes da B3. No segundo trimestre, a construtora registrou lucro líquido de R$ 183,7 milhões, crescimento de 25,7% em relação ao mesmo período de 2024, e receita líquida de R$ 1,065 bilhão, representando um avanço de 26,2% na comparação anual.
Com margem bruta ajustada recorde de 41,7% e caixa líquido de R$ 137,5 milhões, a companhia mostra fôlego para manter dividendos robustos, mesmo num ambiente de Selic em 15% ao ano.
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Modelo de negócios resiliente: como o foco em baixa renda sustenta a demanda
A Direcional estruturou sua estratégia no segmento de habitação popular, principalmente por meio do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).
Diferentemente do mercado de médio e alto padrão, que depende diretamente de crédito imobiliário a taxas de mercado, o público atendido pela construtora conta com subsídios governamentais e condições especiais de financiamento.
Esse modelo garante demanda mais estável, mesmo em períodos de juros elevados. Em 2025, a empresa acelerou os lançamentos e manteve uma velocidade de vendas consistente, com taxas de repasse elevadas e distratos em níveis historicamente baixos.
Além disso, a padronização de projetos e a adoção de métodos construtivos industrializados reduziram custos, ampliando margens e permitindo que a companhia concilie crescimento operacional com forte geração de caixa.
Resultados financeiros: margens recordes e caixa líquido positivo
O desempenho recente reforça a eficiência operacional da Direcional:
- Lucro líquido 2T25: R$ 183,7 milhões (+25,7% a/a);
- Receita líquida 2T25: R$ 1,065 bilhão (+26,2% a/a);
- Margem bruta ajustada: 41,7%, aumento de 4 p.p. frente ao 2T24;
- Margem líquida: 17,2%, em linha com histórico de alta rentabilidade;
- Caixa líquido: R$ 137,5 milhões, resultado de dívida bruta de R$ 2,026 bilhões frente a R$ 2,124 bilhões em caixa e equivalentes.
No 1T25, a construtora já havia reportado lucro líquido de R$ 165 milhões, crescimento de 9% sobre 2024, com ROE anualizado de 30% e receita líquida de R$ 894 milhões (+34% a/a). Essa sequência de resultados mostra que a empresa está num ciclo de expansão com rentabilidade crescente.
A geração de caixa operacional no 2T25 foi de R$ 395 milhões, apoiada pela venda de participação na Riva e pelo avanço consistente nos repasses.
Com essa estrutura financeira, a Direcional mantém flexibilidade para crescer sem depender de crédito caro — uma vantagem competitiva expressiva em ambiente de juros elevados.
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Dividendos e atratividade para o investidor
A Direcional figura entre as companhias do Ibovespa que mais chamaram atenção em 2025 por remunerar o acionista com proventos robustos.
O Dividend Yield acumulado no ano gira em torno de 7% a 8%, segundo estimativas de mercado, mas projeções de corretoras como XP, Safra e BTG indicam potencial superior, próximo a dois dígitos em 12 meses.
Esse patamar coloca a ação no radar de investidores que buscam renda recorrente sem abrir mão da valorização patrimonial. Diferentemente de empresas maduras que pagam dividendos elevados por não terem onde reinvestir, a Direcional combina expansão de lançamentos com política de distribuição generosa.
O histórico de ROE consistente acima de 25% reforça a atratividade do papel, mostrando que a empresa gera retorno elevado sobre o patrimônio e ainda consegue repassar parte relevante desse valor ao acionista.
Para perfis conservadores, o baixo índice de distratos e a estabilidade do MCMV adicionam previsibilidade, o que é um diferencial importante no setor imobiliário.
Perspectivas para a Direcional (DIRR3)
Embora os números impressionem, há riscos que não podem ser ignorados. O principal é a dependência de políticas públicas: mudanças fiscais ou cortes em subsídios do Minha Casa Minha Vida poderiam reduzir o ritmo de vendas.
Além disso, a inflação de custos da construção civil permanece como desafio, ainda que a empresa tenha conseguido ampliar margens até agora.
Do lado positivo, o déficit habitacional elevado no Brasil garante demanda estrutural para o segmento de baixa renda. A posição de caixa líquido positivo oferece proteção em ciclos adversos e abre espaço para aquisições ou expansão.
Relatórios de casas como XP Investimentos e Safra seguem com recomendação de compra para a ação, com preço-alvo médio de R$ 15,75, apontando potencial de valorização em relação à cotação atual.
Combinando crescimento operacional, margens recordes e dividendos consistentes, a Direcional se consolida como uma das histórias mais interessantes da bolsa em 2025.
Para investidores que buscam exposição ao setor imobiliário com maior resiliência a juros altos, DIRR3 permanece como um case sólido e em ascensão.