Desigualdade social

A desigualdade de renda nas metrópoles brasileiras atingiu em 2024 o menor patamar da série histórica. O Índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu para 0,534, conforme o boletim Desigualdade nas Metrópoles, divulgado na última segunda-feira (6). O resultado reflete a recuperação do mercado de trabalho, a política de valorização do salário mínimo e o controle da inflação.

continua depois da publicidade

O estudo, elaborado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Observatório das Metrópoles em parceria com a PUCRS e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina, aponta que o avanço mais expressivo ocorreu entre os 40% mais pobres da população.

A renda média domiciliar per capita desse grupo saltou de R$ 474, em 2021, para R$ 670 em 2024 — o maior valor já registrado na série.

A melhora no rendimento das famílias mais vulneráveis reduziu significativamente a taxa de pobreza nas regiões metropolitanas. Em 2021, 31,1% dos moradores estavam abaixo da linha da pobreza; em 2024, o índice recuou para 19,4%, o equivalente a 9,5 milhões de pessoas saindo dessa condição.

continua depois da publicidade

Segundo o pesquisador André Salata, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, dois fatores foram determinantes para o avanço: o aumento real do salário mínimo e o aquecimento do mercado de trabalho no pós-pandemia.

“O país conseguiu combinar geração de emprego com renda e controle de preços, o que ampliou o poder de compra das famílias mais pobres”, avaliou.

Apesar da melhora, o boletim mostra que a desigualdade ainda é elevada. Os 10% mais ricos das metrópoles brasileiras receberam, em média, 15,5 vezes mais do que os 40% mais pobres no último ano.

Leia mais

Salata pondera que um coeficiente de Gini acima de 0,5 ainda representa um grau alto de concentração de renda, embora o movimento recente seja de avanço contínuo.

O levantamento considera dados de 20 regiões metropolitanas — incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre e Brasília — e cobre mais de 80 milhões de pessoas.

O estudo ressalta que, embora os indicadores ainda revelem grandes disparidades sociais, a tendência dos últimos três anos aponta para uma redução consistente da pobreza urbana e para o fortalecimento da renda do trabalho como motor da recuperação econômica.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista e redator especializado em economia, finanças e investimentos. É Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Scroll to Top