Custos fixos: o que são e por que podem comprometer a saúde do seu negócio

Identificar, calcular e gerenciar custos fixos é fundamental para manter a lucratividade e evitar riscos financeiros na sua empresa

Muitos empresários acreditam que o maior desafio para lucrar está em vender mais. No entanto, a realidade de quem administra uma empresa mostra que a gestão de custos pode ser ainda mais decisiva para o sucesso.

Entre esses custos, um dos mais críticos — e frequentemente mal compreendidos — são os custos fixos. Ao contrário dos custos variáveis, que acompanham o volume de produção ou vendas, os custos fixos permanecem constantes independentemente do faturamento.

E o que isso significa? Que mesmo a empresa não vendendo nada em um mês, continuará pagando aluguel, salários administrativos, seguros e outros compromissos.

Dessa forma, entender o peso dos custos fixos e como eles impactam o ponto de equilíbrio, a margem de contribuição e a rentabilidade é fundamental para qualquer negócio, seja de pequeno ou grande porte.

E é isso o que vamos tratar neste artigo. Boa leitura!

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O que são custos fixos?

Custos fixos são todas as despesas que não sofrem alteração direta com o volume de produção ou vendas. Eles existem simplesmente para manter a operação funcionando, independentemente do faturamento.

Dentre os exemplos mais comuns, estão:

  • Aluguel do espaço comercial;
  • Salários da equipe administrativa;
  • Contas de serviços essenciais (água, luz, internet);
  • Seguros e licenças obrigatórias;
  • Depreciação de equipamentos.

O ponto crítico é que esses custos precisam ser pagos mesmo quando a empresa está vendendo pouco ou nada, o que torna o controle deles essencial para evitar desequilíbrios financeiros, principalmente no fluxo de caixa.

Custos fixos x custos variáveis

A principal diferença entre custo fixo e custo variável está na relação com o volume de vendas:

  • Custos variáveis aumentam ou diminuem conforme a produção (ex: matéria-prima, comissões, impostos);
  • Custos fixos permanecem os mesmos, independentemente da receita.

Portanto, é válido destacar que quando uma empresa consegue substituir um custo fixo por um custo variável, ela está contribuindo para sua saúde financeira.

Um bom exemplo é pagar comissão para um vendedor ao invés de salário fixo. É uma forma de evitar um custo alto quando as vendas apresentam queda.

Compreender essa distinção é vital para calcular corretamente o ponto de equilíbrio, que é o faturamento mínimo necessário para cobrir todos os custos e despesas.

Por que o custo fixo pode ser tão nocivo?

Existem inúmeras razões que tornam o custo fixo nocivo, como:

  1. Pressiona o ponto de equilíbrio: quanto maior o custo fixo, mais a empresa precisa faturar apenas para empatar;
  2. Reduz flexibilidade em crises: negócios com altos custos fixos sofrem mais em períodos de queda de receita, pois não conseguem ajustar despesas rapidamente;
  3. Impacta a margem de contribuição: uma estrutura pesada de custos fixos exige margens mais altas ou volumes maiores de vendas para garantir lucratividade;
  4. Compromete o fluxo de caixa: custos fixos altos consomem caixa rapidamente e aumentam o risco de descapitalização.

Assim sendo, empresas com alta alavancagem operacional (proporção de custos fixos muito maior que variáveis) são mais vulneráveis a oscilações de mercado.

Em contrapartida, empresas com custos variáveis mais altos em relação aos custos fixos conseguem ajustar melhor seu modelo em cenários adversos.

Como calcular o impacto dos custos fixos

Para calcular o impacto dos custos fixos, o primeiro passo é fazer uma somatória deles. Em seguida, utilizar o cálculo do ponto de equilíbrio contábil:

  • Ponto de Equilíbrio = Custos Fixos / Margem de Contribuição (%)

Exemplo:

  • Custos fixos: R$ 50.000;
  • Margem de contribuição: 40%.

O ponto de equilíbrio nesse exemplo, será:

  • Ponto de equilíbrio = R$ 50.000 / 0,4 = R$ 125.000.

Isso significa que a empresa precisa faturar R$ 125 mil por mês apenas para cobrir custos e despesas, sem gerar lucro líquido. Por isso, quanto maior o custo fixo, maior será o esforço de vendas necessário para manter a operação saudável.


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Estratégias para gerenciar e reduzir custos fixos

Diante do que foi exposto até aqui, fica claro que o empresário, independente do tamanho do seu negócio, precisa adotar estratégias para reduzir custos fixos. Abaixo listamos as principais delas.

1. Revisão de contratos e fornecedores

Negociar aluguel, taxas bancárias e contratos de serviços pode gerar economia significativa ao longo do ano. Além disso, pagar parte do salário como fixo, e parte como comissão, também ajuda a reduzir custos em tempos de crise.

2. Terceirização inteligente

Em alguns casos, terceirizar funções administrativas reduz custos fixos com salários e encargos. Aqui a terceirização acontece em atividades que não são fim.

Como assim? Por exemplo, a faxina não é uma atividade fim, por isso, é mais vantajoso contratar uma empresa terceirizada do que colaboradores internos. O mesmo vale para diversas outras atividades como marketing, logística, etc.

3. Digitalização e automação

Softwares de gestão, automação de processos com IA e trabalho remoto podem diminuir despesas estruturais. Por exemplo, imagine que você mantenha uma equipe em trabalho remoto ao invés de presencial.

Essa é uma maneira de reduzir custos com energia, manutenção de computadores e até com aluguel do escritório. Cortes inteligentes podem garantir uma grande economia no longo prazo.

4. Modelo de negócio enxuto

Adotar uma operação mais flexível, com mais custos variáveis e menos fixos, aumenta a resiliência da empresa. Por isso, colocar todos os custos na ponta do lápis e analisar quando é mais vantajoso terceirizar, faz toda a diferença.

5. Planejamento de longo prazo

Custos fixos devem ser compatíveis com a capacidade de geração de receita a longo prazo. Nesse sentido, expansões devem ser planejadas com projeções realistas.

Custos fixos e tomada de decisão

Monitorar custos fixos não é apenas uma questão de controle contábil — é uma ferramenta estratégica, uma vez que eles impactam diretamente:

  • Precificação: empresas com custos altos precisam de margens maiores para cobrir a estrutura;
  • Investimentos: entender a relação custo fixo/faturamento ajuda a decidir o momento certo de expandir;
  • Planejamento de caixa: permite prever necessidades de capital de giro e evitar surpresas.

Uma gestão financeira empresarial eficiente usa os custos fixos como base para projetar cenários e testar estratégias de crescimento sustentável, melhorando os índices de rentabilidade de longo prazo.

Conclusão

Como podemos ver neste artigo, custos fixos são inevitáveis, mas podem ser controlados e otimizados. Quando ignorados, comprometem o lucro, aumentam riscos e tornam o negócio vulnerável em crises.

Quando bem gerenciados, ajudam a construir uma operação sólida, com margens consistentes e fluxo de caixa saudável.

Empresários que entendem o peso dos custos fixos e alinham suas decisões a esse indicador têm mais chances de construir negócios rentáveis e duradouros.

O segredo está em medir, analisar e agir continuamente para manter a estrutura compatível com o potencial de receita da empresa.

FAQ – Perguntas Frequentes

Qual a diferença entre custo fixo e despesa fixa?

Custo fixo está diretamente ligado à operação do negócio (como aluguel da fábrica ou salários da equipe de produção). Despesa fixa é relacionada à estrutura administrativa (como honorários contábeis e marketing). Ambos permanecem constantes, mas afetam áreas diferentes da empresa.

Custo fixo é sempre ruim para a empresa?

Não. Ter custos fixos é inevitável e até necessário para manter a operação. O problema está em quando eles representam uma fatia desproporcional da receita e pressionam o ponto de equilíbrio, tornando a empresa menos flexível em crises.

Como o custo fixo impacta o preço de venda?

Quanto maior o custo fixo, maior será a margem necessária em cada produto ou serviço para cobrir a estrutura. Empresas que não incluem os custos fixos na formação de preço acabam vendendo com margens ilusórias e corroendo o lucro.

Custos fixos influenciam o capital de giro?

Sim. Uma estrutura de custos fixos elevada aumenta a necessidade de capital de giro para manter a empresa funcionando em períodos de baixa receita. Negócios enxutos conseguem atravessar sazonalidades com menor risco de descapitalização.

É possível transformar custos fixos em variáveis?

Em alguns casos, sim. Modelos de terceirização, coworking e contratos de pagamento por uso ajudam a reduzir custos fixos e transformá-los em variáveis, aumentando a flexibilidade financeira.

Custos fixos entram no cálculo da margem de contribuição?

Não. A margem de contribuição considera apenas receitas menos custos e despesas variáveis. O objetivo dela é justamente indicar quanto sobra para cobrir os custos fixos e gerar lucro.

Qual o percentual ideal de custos fixos sobre a receita?

Não existe um valor único, mas negócios saudáveis costumam manter custos fixos abaixo de 30% a 40% da receita líquida. Acima disso, a empresa tende a operar com menor margem de segurança.

Custos fixos afetam o valuation de uma empresa?

Sim. Investidores avaliam empresas com alta alavancagem operacional (custos fixos muito altos) como mais arriscadas, o que pode reduzir o valuation ou exigir margens de lucro maiores para compensar o risco.

Qual a relação entre custos fixos e ponto de equilíbrio financeiro?

Custos fixos são a base do cálculo do ponto de equilíbrio. Quanto maiores eles forem, maior será o faturamento mínimo necessário para que a empresa cubra todos os custos e comece a gerar lucro real.

Controlar custos fixos ajuda na tomada de decisão estratégica?

Sim. Ao monitorar custos fixos, o gestor tem clareza sobre a capacidade de absorver investimentos, expandir a operação ou ajustar preços sem comprometer a rentabilidade. É uma métrica essencial para decisões de médio e longo prazo.

José Carlos Sanchez Jr.

Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente é consultor financeiro e redator especialista em finanças.

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