China anuncia primeira meta absoluta de corte de emissões e pressiona debate global

Compromisso de 7% a 10% até 2035 é visto como pouco ambicioso; anúncio ocorre às vésperas da COP30 em Belém

A China divulgou nesta quinta-feira (25) sua primeira meta de redução absoluta de gases de efeito estufa, prometendo cortar entre 7% e 10% das emissões em relação ao pico até 2035. O anúncio foi feito pelo presidente Xi Jinping em discurso na Cúpula do Clima da ONU e marca uma mudança na postura do maior emissor global, responsável por quase 30% das emissões mundiais em 2024.

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China detalha metas e enfrenta críticas

Além da meta de corte, Xi detalhou novos objetivos para 2035: elevar a capacidade instalada de eólicas e solares para 3.600 GW, aumentar a participação de fontes não fósseis para mais de 30% e ampliar o mercado nacional de carbono para setores intensivos. Também foram prometidos avanços em reflorestamento e veículos elétricos.

Apesar do simbolismo, grupos climáticos criticaram a falta de ambição. O Climate Action Tracker destacou que, com as políticas atuais, a China já alcançaria esses percentuais, sem necessidade de esforço adicional.

Para analistas ouvidos pela IA do Dinheiro, o compromisso chinês ainda fica distante de metas anunciadas por países como Austrália e Suíça, que projetam cortes acima de 60% até 2035.

Pressão sobre mercados de carbono e fundos verdes

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Mesmo aquém das expectativas, a sinalização de Pequim tende a fortalecer os mercados de carbono e os fluxos para fundos ESG. A expansão do mercado chinês de créditos pode ampliar a liquidez global e estimular novas regras em blocos como a União Europeia.

Para fundos verdes e instrumentos de transição, o recado é claro: o risco climático já se converte em variável financeira central.

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Perspectiva para o Brasil na COP30

O anúncio chinês nas vésperas da COP30, evidencia que a falta de ambição de grandes emissores pode elevar a cobrança sobre países em desenvolvimento, como o Brasil, para avançar em compromissos regulatórios e no mercado nacional de carbono.

Há risco de que, sem estrutura robusta, o país acabe “pagando a conta” via pressão sobre cadeias exportadoras e perda de competitividade em setores de alta emissão.

O cenário combina oportunidade em fundos verdes e crédito de carbono com a necessidade de o país avançar em regulação. O mercado estará de olho em como o Brasil responderá em Belém a um contexto em que a transição climática já dita movimentos de capital no mundo.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista e redator especializado em economia, finanças e investimentos, com experiência em cobertura de mercado, políticas públicas e programas sociais. É Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Autor e fundador do portal IA do Dinheiro.

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