A China criticou nesta sexta-feira (3) as investigações antidumping abertas pelo México contra produtos chineses e afirmou que está monitorando o processo, pedindo que o país cumpra as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). O Ministério do Comércio chinês disse que, a pedido de empresas mexicanas, foram iniciados quatro procedimentos sobre itens como vidro float e tecido de PVC, em meio a uma onda de 11 ações semelhantes desde o início do ano.
Em comunicado, o porta-voz da pasta declarou que Pequim “se opõe firmemente a ações protecionistas que prejudicam os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”. Segundo o governo chinês, as medidas mexicanas estão inseridas em um cenário de pressões externas e podem configurar barreiras comerciais ilegítimas.
A China também iniciou sua própria investigação sobre restrições adotadas por México e Estados Unidos, envolvendo setores como o de nozes-pecãs, sinalizando mais atritos à frente.
As tensões se ampliaram após a decisão do governo mexicano, em setembro, de elevar para 50% as tarifas sobre automóveis importados da China e de outros países asiáticos.
A medida foi anunciada como forma de proteger empregos locais, mas analistas apontaram que também buscava atender a demandas de Washington em meio à escalada global de medidas protecionistas.
Paralelamente, a Indonésia anunciou nesta sexta que obteve vitória na OMC em disputa contra a União Europeia. O painel do organismo concluiu que tarifas antidumping e direitos compensatórios aplicados pelo bloco sobre aço inoxidável indonésio violavam regras multilaterais.
O ministro do Comércio, Budi Santoso, classificou a decisão como “uma grande conquista” e pediu que Bruxelas suspenda imediatamente as sobretaxas.
A disputa teve início em 2021, quando a UE impôs tarifas de até 20,2% sobre produtos planos laminados a frio de aço inoxidável da Indonésia, além de direitos adicionais de mais de 21% desde 2022.
Leia mais
O governo indonésio levou o caso à OMC em 2023, alegando que as medidas haviam reduzido drasticamente suas exportações. O painel deu razão a Jacarta, mas a União Europeia já sinalizou que deve recorrer.
Mesmo após a conclusão de negociações de um acordo de livre comércio entre UE e Indonésia no mês passado, a relação segue marcada por atritos em setores estratégicos. Além do aço inoxidável, há contestações envolvendo biodiesel indonésio, que também recebeu tarifas adicionais na Europa.
Os episódios envolvendo China, México, Indonésia e União Europeia ilustram a multiplicação de disputas comerciais em diferentes regiões, em um ambiente em que tarifas, investigações antidumping e medidas compensatórias têm sido usadas como instrumentos de pressão econômica e política.