São Paulo — As exportações de petróleo da Venezuela subiram em setembro para o maior nível em cinco anos, superando 800 mil barris por dia, segundo dados da estatal PDVSA. O aumento foi impulsionado pela expansão das operações da norte-americana Chevron na Faixa do Orinoco, autorizadas por licença especial do governo dos Estados Unidos.
A Chevron retomou suas atividades ampliadas em 2022, após o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos emitir uma licença especial que autorizou a companhia a produzir e exportar petróleo venezuelano em parceria com a PDVSA.
A autorização foi renovada em 2024 e segue em vigor. As remessas são destinadas principalmente a refinarias nos Estados Unidos e no Caribe, segundo dados de rastreamento de navios.
O crescimento dos embarques representa o maior patamar desde 2019, quando as sanções impostas por Washington reduziram drasticamente a capacidade de exportação da Venezuela. O retorno das operações da Chevron reintroduziu fluxo de divisas em uma economia que permanece dependente da receita do petróleo para financiar importações de alimentos, medicamentos e insumos básicos.
A Chevron está presente na Venezuela desde 1923 e manteve operações mesmo após a nacionalização de ativos estrangeiros durante o governo de Hugo Chávez.
Atualmente, participa de quatro empreendimentos conjuntos com a PDVSA na Faixa do Orinoco, região que abriga uma das maiores reservas de petróleo pesado do mundo, estimada em mais de 300 bilhões de barris. O óleo extraído exige refino especializado e segue sendo exportado para centros de processamento norte-americanos.
As autoridades venezuelanas classificam a retomada das exportações como fator de estabilização da produção e da entrada de moeda estrangeira. Parte dos recursos obtidos vem sendo direcionada para recomposição de estoques e manutenção de programas sociais, segundo comunicados oficiais do Ministério do Petróleo.
O governo também informou que pretende ampliar a cooperação com empresas estrangeiras autorizadas a operar sob licenças norte-americanas.
A Chevron afirmou, em nota, que suas operações “estão em conformidade com todas as leis e sanções aplicáveis dos Estados Unidos” e que “a empresa continua comprometida em conduzir suas atividades de forma segura e responsável, contribuindo para a segurança energética global”. A PDVSA não divulgou comentários adicionais sobre o desempenho de setembro.
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Nos Estados Unidos, a Casa Branca mantém o regime de licenças específicas para companhias americanas que atuam na Venezuela. A medida tem como objetivo preservar o controle sobre ativos estratégicos e evitar o avanço de empresas estatais de países aliados a Caracas, como China e Rússia, sobre o setor de energia venezuelano.
O aumento da produção ocorre em um momento de demanda global por petróleo mais estável e de recomposição de estoques estratégicos no mercado internacional. Embora a recuperação venezuelana ainda seja limitada em escala global, ela reforça o papel da América do Sul no fornecimento de petróleo pesado para refinarias do Golfo do México.
A recuperação parcial da indústria petrolífera venezuelana ainda depende da manutenção da licença concedida à Chevron e da capacidade da PDVSA de cumprir compromissos operacionais. Mesmo com as restrições, o país alcançou em setembro o maior volume de exportações desde o início das sanções em 2019, consolidando a Chevron como a principal fonte de receita externa da Venezuela em 2025.
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