Rio de Janeiro (RJ) — Movimentos sociais, trabalhadores rurais e urbanos, pesquisadores e visitantes participaram, nesta quarta-feira (10), de um seminário dedicado a discutir os efeitos da crise climática e ambiental no Brasil e no mundo. A atividade integrou o último dia da 16ª Feira Estadual Cícero Guedes da Reforma Agrária Popular, realizada no Largo da Carioca, e reuniu convidados para debater como as disputas territoriais, desigualdades sociais e modelos produtivos impactam diretamente as populações do campo e da cidade.
O encontro contou com exposições de Roberto Oliveira, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); Ana Luiza Queiroz, do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS); e Ary Girota, do Sindágua Niterói.
A mesa, mediada por Eró Silva, dirigente nacional do MST, apresentou análises convergentes sobre como a atual crise ambiental está associada a desigualdades estruturais, conflitos socioambientais e pressões econômicas sobre territórios rurais e urbanos.
Os participantes destacaram que o agravamento de eventos extremos — como enchentes, secas prolongadas e instabilidade climática — tem ampliado vulnerabilidades, sobretudo entre populações tradicionais, periferias urbanas e comunidades diretamente expostas à degradação ambiental.
O seminário ressaltou que a combinação de exploração de recursos naturais, avanço de grandes empreendimentos e políticas públicas insuficientes tem intensificado disputas por água, terra e energia.
Outro ponto central do debate foi o impacto da crise sobre a produção de alimentos e a necessidade de fortalecer modelos baseados na agroecologia e na soberania alimentar.
Segundo os expositores, ampliar práticas produtivas sustentáveis e garantir o acesso a alimentos saudáveis são etapas essenciais para um projeto de sociedade que priorize a preservação ambiental e a justiça social.
Representantes de movimentos sociais enfatizaram a importância de alianças entre campo e cidade, reunindo agricultores, cozinhas solidárias, universidades, quilombos, terreiros e coletivos urbanos para enfrentar, de forma articulada, desafios climáticos e sociais.
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De acordo com os debatedores, essa cooperação é decisiva para desenvolver estratégias de resistência e para proteger populações afetadas pela expansão de modelos econômicos predatórios.
A mesa também ressaltou que a defesa dos direitos de povos e comunidades tradicionais é fundamental diante do avanço de pressões que ameaçam territórios, bens naturais e modos de vida.
Os participantes afirmaram que o reconhecimento dessas formas de organização e conhecimento é parte essencial da proteção ambiental e da construção de alternativas sustentáveis.
Ao término do encontro, os organizadores destacaram que o seminário reafirmou o papel da Feira Estadual Cícero Guedes como espaço de reflexão crítica, diálogo político e articulação social.
Para os movimentos presentes, enfrentar a crise climática requer a defesa da vida, a valorização de práticas produtivas sustentáveis e o fortalecimento de lutas coletivas por terra, dignidade e justiça socioambiental.











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