O orçamento de 2026 trouxe uma notícia dura para quem depende do Bolsa Família: o benefício será mantido sem reajuste no próximo ano. A proposta enviada pelo Governo Federal ao Congresso Nacional prevê R$ 158,6 bilhões para o programa, mas congela o valor médio pago em R$ 671 por família.
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Decisão fiscal em ano eleitoral
Mesmo em um cenário de inflação acumulada e aumento no custo de vida, o Executivo optou por não ampliar os repasses. A justificativa é preservar a meta de superávit primário e dar previsibilidade fiscal ao país.
Na prática, isso significa que o programa continua sendo a segunda maior despesa da União, atrás apenas da Previdência, mas perde fôlego como ferramenta de combate à pobreza.
Impacto direto nas famílias
O congelamento pesa sobretudo para quem depende do benefício para garantir alimentação e despesas básicas. Desde a reformulação em 2023, o Bolsa Família inclui adicionais como R$ 150 por criança de até seis anos e R$ 50 para gestantes, lactantes e adolescentes. Ainda assim, o valor final não acompanha a alta dos preços, o que reduz o poder de compra das famílias mais vulneráveis.
Com o congelamento, o Brasil corre o risco de ficar atrás de vizinhos latino-americanos em termos de impacto social. Hoje, o Chile paga em média R$ 820 mensais no Ingreso Ético Familiar, o México R$ 740 no Bienestar e a Argentina cerca de R$ 700 no programa AUH. O contraste reforça a percepção de que a decisão pode comprometer a eficácia redistributiva do Bolsa Família.
Congresso deve travar disputa
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) ainda precisa ser aprovado até dezembro. Nesse período, parlamentares podem apresentar emendas, inclusive para ampliar os recursos destinados ao programa. A oposição critica o congelamento e cobra mais atenção às famílias em vulnerabilidade, enquanto parte da base aliada deve pressionar por ajustes, sobretudo diante da proximidade do calendário eleitoral.
Se aprovado sem alterações, o orçamento de 2026 manterá o Bolsa Família em sua estrutura atual:
- Valor base: R$ 600 por família;
- Benefício Primeira Infância: R$ 150 por criança até 6 anos;
- Benefício Variável: R$ 50 por integrante de 7 a 18 anos, gestantes e lactantes;
- Renda de Cidadania: R$ 142 por pessoa.
O debate no Congresso será decisivo para definir se o programa permanece congelado ou se terá algum ajuste de última hora. Até lá, milhões de brasileiros vivem a incerteza de enfrentar mais um ano de alta nos preços sem reforço na renda.