A ameaça de paralisação do governo norte-americano a partir de 1º de outubro trouxe volatilidade aos mercados globais e impulsionou o apetite por criptoativos. O Bitcoin voltou a superar os US$ 114 mil, com alta de 3,6% em 24 horas, enquanto o Ethereum se aproximou dos US$ 4.200, refletindo o fluxo de investidores em busca de alternativas diante do impasse fiscal em Washington.
Incerteza fiscal aumenta demanda por cripto
O cenário de risco político nos Estados Unidos ampliou o interesse por ativos considerados de maior risco ou descorrelacionados do sistema financeiro tradicional.
Segundo Joel Kruger, da LMAX Group, o risco de shutdown nos EUA reforça a atratividade das criptomoedas às vésperas de outubro, mês historicamente positivo para o Bitcoin.
Analistas da Bitfinex acrescentaram que, apesar do rali recente, a dinâmica atual sugere uma fase de consolidação, sustentada por entradas robustas em ETFs de BTC e ETH, o que contribuiu para a recuperação após a queda da semana anterior.
O Bitcoin acumulou valorização de 22% no ano e voltou a ser negociado acima de US$ 114 mil, após ter recuado para menos de US$ 109 mil na semana anterior em meio a liquidações expressivas.
O Ethereum acompanhou o movimento, com alta de 3,5% no dia e cotação próxima de US$ 4.180, ampliando o ganho acumulado em 2025 para cerca de 25%.
Capitalização do mercado cripto ultrapassa US$ 4 trilhões
De acordo com dados de mercado, a capitalização total das criptomoedas atingiu US$ 4,01 trilhões nesta terça-feira (30), avanço de 1,3% em 24 horas.
O volume negociado no período somou US$ 173 bilhões, com destaque para os dez maiores ativos digitais, todos em território positivo. O movimento reforça a percepção de que os investidores voltaram a alocar recursos no setor em meio às tensões políticas nos EUA.
ETFs cripto registram forte entrada de recursos
Os fundos negociados em bolsa ligados a criptoativos também tiveram um dia de ganhos. Os ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos receberam US$ 521,9 milhões em aportes líquidos na segunda-feira, enquanto os ETFs de Ethereum captaram US$ 546,9 milhões.
Nove dos principais fundos de ETH registraram entradas positivas, com destaque para os veículos da Fidelity e da BlackRock. A valorização das criptomoedas se refletiu também em ações ligadas ao setor. A exchange Coinbase avançou 6%, enquanto a Circle subiu 5%.
Mineradoras como CleanSpark e Mara Holdings dispararam até 14%, acompanhadas por altas de dois dígitos em empresas como Riot Platforms e Hive Digital.
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BlackRock ultrapassa Deribit no mercado de opções
Outro marco para o setor foi a ascensão do iShares Bitcoin Trust (IBIT), da BlackRock, como a maior plataforma de negociação de opções de Bitcoin. O volume em aberto chegou a US$ 38 bilhões após a última rolagem de contratos, superando a Deribit, até então líder nesse mercado.
Além do impulso provocado pelo cenário político nos EUA, investidores também observam fatores sazonais. Outubro, conhecido no mercado como “Uptober”, trouxe em média ganhos de 22% para o Bitcoin desde 2013, segundo Joel Kruger, da LMAX Group.
Analistas da Bitfinex ponderam, no entanto, que o movimento atual é de consolidação, o que pode retardar a retomada de recordes, ainda que os avanços regulatórios e a demanda institucional reforcem o viés de alta até o fim do ano.