Selic
Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Brasília (DF) — O Banco Central manteve, nesta quarta-feira (10), a Taxa Selic em 15% ao ano pela quarta reunião consecutiva, decisão tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa permanece no maior patamar em quase duas décadas, repetindo o nível observado em julho de 2006. A manutenção já era prevista por analistas do mercado financeiro.

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A Selic passou a subir novamente em setembro de 2024, após permanecer em 10,5% ao ano no início do ciclo. O patamar atual foi alcançado em junho de 2025 e segue inalterado desde então. O BC justificou que o cenário de inflação ainda exige cautela, mesmo com indicadores recentes mostrando desaceleração dos preços.

O IPCA de novembro registrou alta de 0,18%, o menor resultado para o mês desde 2018. No acumulado de 12 meses, a inflação voltou a ficar dentro do intervalo permitido pelo sistema de meta contínua, com avanço de 4,46%.

O regime, adotado desde janeiro, estabelece meta central de 3% e tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

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No modelo contínuo, a apuração da inflação ocorre mês a mês, considerando sempre os últimos 12 meses, o que desloca a verificação ao longo do ano. Assim, a análise entre janeiro e dezembro deixa de ser o único parâmetro para avaliação da meta.

O Relatório de Política Monetária divulgado pelo Banco Central em setembro apontou projeção de IPCA de 4,8% para 2025, estimativa que será revisada em dezembro.

A revisão ocorre diante do comportamento recente do câmbio e das variações de preços observadas nos últimos meses. Paralelamente, o boletim Focus indica previsão de inflação de 4,4% neste ano, abaixo do teto da meta contínua.

A manutenção dos juros elevados reflete a estratégia da autoridade monetária de conter pressões inflacionárias por meio do encarecimento do crédito.

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Essa dinâmica reduz consumo e investimentos, mas também limita o ritmo da atividade econômica. No último relatório, o BC revisou para baixo a projeção de crescimento do PIB de 2025, de 2,1% para 2%.

As expectativas do mercado, no entanto, são um pouco mais positivas. A edição mais recente do boletim Focus aponta previsão de expansão de 2,25% para o próximo ano. Ainda assim, economistas destacam que o ambiente de crédito permanece restritivo, com custo elevado para famílias e empresas.

A taxa básica de juros influencia diretamente o rendimento dos títulos públicos e serve como referência para o conjunto das taxas praticadas pelo sistema financeiro. Quando elevada, tende a conter a demanda e reduzir a pressão sobre os preços.

Para que o Copom considere iniciar um ciclo de corte, a instituição afirma que precisará ter segurança de que a inflação continuará convergindo para a meta sem riscos adicionais.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista e editor-chefe da IA Dinheiro. Produz reportagens e conteúdos com foco em economia, democracia, desigualdade e políticas públicas.

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