Bancos europeus anunciam stablecoin em euro para reduzir domínio do dólar

Nove instituições financeiras se unem para criar alternativa digital própria; BCE mantém cautela sobre riscos de estabilidade

Um consórcio formado por nove grandes bancos europeus anunciou nesta quinta-feira (25) a criação de uma empresa sediada em Amsterdã para lançar uma stablecoin lastreada em euro a partir do próximo ano. A iniciativa busca oferecer uma alternativa ao avanço dos tokens digitais atrelados ao dólar, hoje dominantes no mercado global.

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Europa reage à supremacia do dólar digital

O mercado de stablecoins movimenta cerca de US$ 300 bilhões no mundo, mas apenas US$ 620 milhões são emitidos em euros, segundo dados recentes do Banco da Itália. Ou seja, mais de 95% do volume global está concentrado em stablecoins atreladas ao dólar.

O consórcio, que reúne bancos como ING, UniCredit, Danske Bank, CaixaBank e Raiffeisen, pretende mudar esse cenário com um token voltado a pagamentos rápidos e liquidações de baixo custo, além de uso corporativo em transações financeiras.

BCE mantém cautela e defende o euro digital

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Apesar do apoio de parte do setor bancário, o Banco Central Europeu mantém reservas quanto à expansão de stablecoins privadas. A presidente Christine Lagarde alertou que esses instrumentos podem gerar riscos para a política monetária e para a estabilidade financeira do bloco.

Como alternativa, o BCE pressiona por uma versão oficial do euro digital, enquanto parte dos bancos teme perder depósitos caso clientes migrem para carteiras garantidas pela autoridade monetária.

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O impacto para investidores e para o Brasil

A entrada de bancos tradicionais no universo das stablecoins reforça a integração entre finanças digitais e sistema bancário. Para investidores brasileiros, isso coincide com o avanço do Real Digital (Drex), projeto do Banco Central em fase de testes que deve ampliar a digitalização do sistema financeiro nacional.

Enquanto no Brasil o Drex busca dar lastro oficial ao real em versão digital, a Europa aposta em uma stablecoin privada para rivalizar com o dólar. A combinação desses movimentos pode ampliar, no médio prazo, as alternativas de diversificação e proteção cambial disponíveis ao investidor local, hoje concentradas em tokens atrelados à moeda americana.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista e redator especializado em economia, finanças e investimentos, com experiência em cobertura de mercado, políticas públicas e programas sociais. É Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Autor e fundador do portal IA do Dinheiro.

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