Riad — A Arábia Saudita ainda não decidiu se participará de projetos turísticos na costa egípcia do Mar Vermelho e pretende concentrar seus recursos em empreendimentos domésticos, afirmou neste domingo (26) o ministro do Turismo, Ahmed Al-Khateeb, durante o Fórum Global da Fortune realizado na capital saudita.
A declaração ocorre em meio às negociações do Egito para atrair investimento estrangeiro no desenvolvimento de Ras Gamila, uma área litorânea próxima a Sharm el-Sheikh. O governo egípcio espera repetir o modelo de parceria adotado pelos Emirados Árabes Unidos, que recentemente financiaram um grande projeto na costa mediterrânea do país.
Segundo Al-Khateeb, o plano saudita de expansão turística está concentrado em território nacional, especialmente no megaprojeto Red Sea Global — complexo de turismo sustentável que prevê a abertura de 17 novos hotéis até maio de 2026.
O ministro destacou que a estratégia atual prioriza elevar o padrão da infraestrutura interna, diversificar a oferta de lazer e consolidar o país como novo polo turístico do Oriente Médio.
O ministro afirmou também que o país já dispõe de estrutura suficiente para sediar a Copa do Mundo de 2034. A Federação Internacional de Futebol (FIFA) teria confirmado que o número atual de quartos de hotel atende à demanda prevista para o torneio.
Ainda assim, o governo pretende aumentar a oferta de acomodações e investir em destinos de luxo voltados à experiência cultural e ambiental.
A decisão de priorizar investimentos domésticos reflete uma lógica de consolidação interna antes da expansão regional. A Arábia Saudita aposta em megaempreendimentos como o Red Sea Global, o NEOM e o Diriyah Gate para reduzir a dependência do petróleo e fortalecer o turismo como eixo econômico do programa Visão 2030.
Esses projetos pretendem criar alternativas de renda e atrair capital estrangeiro de longo prazo, substituindo gradualmente a receita petrolífera por receitas de serviços, hospitalidade e eventos.

Questionado sobre a possibilidade de flexibilizar restrições culturais, Al-Khateeb reiterou que o país não tem planos de rever a proibição da venda de álcool.
Segundo ele, o turismo saudita busca diferenciação pela experiência local e pela hospitalidade, não pela replicação de modelos ocidentais.
“Os visitantes vêm ao reino por sua história, natureza e autenticidade”, disse o ministro em entrevista à Reuters, sem sinalizar qualquer mudança regulatória.
Nos últimos anos, a monarquia saudita reduziu algumas limitações sociais para impulsionar o turismo, permitindo eventos públicos e maior abertura cultural. No entanto, mantém regras estritas em temas sensíveis, equilibrando a imagem de modernização com o conservadorismo religioso que sustenta parte de sua base política.
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A hesitação saudita em investir na costa egípcia também tem caráter estratégico. O país busca manter autonomia sobre seu corredor turístico do Mar Vermelho, onde projetos como o Red Sea Global competem diretamente com destinos egípcios.
A duplicação de investimentos poderia dispersar recursos e enfraquecer o posicionamento saudita como destino emergente de alto padrão na região.
O Egito, por outro lado, enfrenta dificuldades fiscais e vê no turismo uma das principais alternativas para atrair divisas e equilibrar sua balança externa.
A eventual entrada de capital saudita seria um impulso importante, mas, por ora, Riad mantém cautela e prioriza fortalecer sua própria base de turismo antes de assumir novos compromissos internacionais.










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