Petróleo
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Londres – O mercado mundial de petróleo pode enfrentar, em 2026, a maior superoferta em quase uma década, segundo projeção divulgada nesta terça-feira (14) pela Agência Internacional de Energia (AIE). O órgão estima um excedente de até 4 milhões de barris por dia (bpd), impulsionado pela expansão da produção dos países da Opep+ e de concorrentes como Estados Unidos, Canadá, Brasil e Guiana, enquanto a demanda global avança em ritmo mais lento.

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O relatório mensal da AIE amplia a previsão anterior, feita em setembro, que apontava superávit de 3,3 milhões de bpd. Caso o novo cenário se confirme, o volume extra corresponderá a cerca de 4% da demanda mundial — um desequilíbrio bem maior do que o estimado por outras instituições e analistas de mercado.

O aumento de oferta ocorre após a decisão da Opep e de seus aliados de reduzir mais rapidamente os cortes de produção adotados nos últimos anos. A liberação adicional de barris tem pressionado os preços do petróleo, que voltaram a cair em outubro. Nesta terça-feira, o Brent era negociado abaixo de US$ 62 por barril, ainda acima do piso de US$ 58 registrado em abril.

Segundo a AIE, a produção global deve crescer 3 milhões de barris por dia em 2025 — acima da estimativa anterior de 2,7 milhões — e mais 2,4 milhões de bpd em 2026. No mesmo período, o crescimento da demanda será de apenas 710 mil barris por dia, 30 mil a menos que o previsto anteriormente, refletindo um cenário econômico mais fraco e o avanço da eletrificação do transporte.

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A agência calcula que o consumo de petróleo continuará contido até 2026, com ganhos anuais próximos de 700 mil barris diários, ritmo bem abaixo da média histórica.

O esfriamento da economia global e o aumento da participação de energias renováveis explicam a desaceleração. A previsão da AIE é mais conservadora que a da Opep, que ainda projeta alta de 1,3 milhão de barris por dia neste ano e mantém expectativa positiva para a atividade econômica mundial.

O relatório também mostra que a oferta global em setembro foi 5,6 milhões de barris diários superior à de um ano antes, com a Opep+ respondendo por mais da metade do aumento.

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A quantidade de petróleo embarcado por via marítima cresceu 102 milhões de barris em relação a agosto — o maior salto desde a pandemia de 2020 — impulsionado principalmente pela produção do Oriente Médio.

A projeção da AIE para o excedente de 2026 é mais alta que a mediana do mercado. Pesquisa da Reuters realizada em setembro apontava uma sobra de 1,6 milhão de barris por dia, enquanto a Opep prevê equilíbrio entre oferta e demanda no próximo ano, apostando em crescimento mais moderado fora do grupo e em uma retomada mais firme do consumo.

As estimativas reforçam o alerta da Agência Internacional de Energia de que o mercado global de petróleo tende a operar com excedente prolongado nos próximos anos, segundo informações da Reuters.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista com foco em economia e política internacional, dedicado a interpretar como o poder e os mercados influenciam o Brasil e o mundo.

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