Cidade do México — O Grupo Aeroméxico anunciou na última sexta-feira (17) que busca atingir uma avaliação de até US$ 2,92 bilhões em sua oferta pública inicial (IPO) nos Estados Unidos. A operação marca o retorno da companhia ao mercado de capitais após mais de dois anos fora da Bolsa e reflete a recuperação gradual do setor aéreo latino-americano, impulsionada por demanda reprimida e melhora nas condições financeiras globais.
A empresa e alguns de seus acionistas pretendem captar até US$ 234,5 milhões com a venda de 11,7 milhões de ações depositárias (ADS) a um preço entre US$ 18 e US$ 20 cada. O fundo PAR Investment Partners deve adquirir US$ 25 milhões em ações em uma colocação privada paralela, a 95% do valor do IPO.
A Aeroméxico entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos em 2020, durante a crise sanitária que paralisou o transporte aéreo global. Com cerca de US$ 2 bilhões em dívidas, a companhia se reestruturou sob o Capítulo 11 da lei americana de falências e retomou as operações em 2022, após receber aportes do fundo Apollo Global Management e da norte-americana Delta Airlines.
Analistas avaliam que o retorno à Bolsa de Nova York simboliza a volta do capital estrangeiro a empresas latino-americanas com ativos reais e trajetória consolidada. “O mercado volta a olhar para companhias com operação produtiva, receita em moeda forte e potencial de valorização sustentado por consumo e turismo”, disse o consultor financeiro mexicano Juan Carlos Machorro ao El Economista.
A operação ocorre em um momento de maior liquidez internacional e de reabertura de janelas para emissão de ações em economias emergentes. Segundo dados da Refinitiv, o volume de IPOs latino-americanos cresceu 40% em 2025, liderado pelos setores de energia, transporte e infraestrutura.
Fundada em 1934 sob o nome Aeronaves de México, a empresa foi estatal até 2007, quando foi privatizada em leilão liderado pelo Citigroup. A Aeroméxico estreou na Bolsa Mexicana de Valores em 2011, mas deixou o pregão em 2022, durante a reestruturação.
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O retorno agora sinaliza a busca por capital de longo prazo e reequilíbrio de balanço em meio à valorização do dólar e ao aumento dos custos de combustível. Especialistas veem o IPO como um termômetro da confiança nos mercados regionais.
“A recuperação do transporte aéreo e o retorno de companhias tradicionais ao mercado de capitais indicam que os investidores voltam a enxergar a América Latina como polo de crescimento real”, afirmou a economista chilena Claudia Sanhueza, professora da Universidad Diego Portales.
Barclays, Morgan Stanley, J.P. Morgan e Evercore coordenam a oferta, e as ações serão listadas na Bolsa de Nova York sob o código AERO.
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