Brasília (DF) — O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (09) as diretrizes para o início da aplicação da nova vacina contra a dengue, produzida pelo Instituto Butantan. O imunizante, primeiro de dose única desenvolvido integralmente no Brasil, começará a ser aplicado a partir de janeiro de 2026, com prioridade para profissionais da Atenção Primária. O lote inicial, de 1,3 milhão de doses, será distribuído até o fim do mês, seguindo recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização.
Segundo o ministério, a definição do público prioritário considera o papel desses trabalhadores no atendimento inicial de casos suspeitos.
O ministro Alexandre Padilha afirmou que a estratégia busca proteger equipes que atuam diretamente nas Unidades Básicas de Saúde e em visitas domiciliares. Ele destacou que a produção nacional permitirá iniciar a vacinação imediatamente após a liberação das doses.
A pasta informou que a ampliação da campanha para o público geral ocorrerá conforme o aumento da oferta de vacinas. A previsão é iniciar pela faixa etária de 59 anos e expandir gradualmente até atingir pessoas de 15 anos.
O aumento da capacidade produtiva será viabilizado por meio de parceria do Instituto Butantan com a empresa chinesa WuXi Vaccines, responsável por etapas adicionais de fabricação e transferência de tecnologia.
A decisão sobre o grupo inicial e o cronograma foi baseada em critérios técnicos avaliados pela Câmara Técnica de Assessoramento em reunião realizada em 1º de dezembro.
O ministério também definiu que parte das vacinas será destinada a Botucatu, município do interior paulista que servirá como área de estudo para medir o impacto da vacinação em massa na dinâmica da dengue. Diferentemente do restante do país, a cidade iniciará simultaneamente a imunização de toda a população de 15 a 59 anos.
Leia Mais
-
Vacina contra dengue do Butantan tem registro publicado pela Anvisa
-
SUS terá teleatendimento para tratar compulsão por apostas online
-
Vacina de dose única do Butantan contra dengue é aprovada e pode reforçar saúde global
-
Sistemas alimentares precisam acelerar transição para modelos mais inovadores e sustentáveis
A expectativa é que uma cobertura entre 40% e 50% do público-alvo já permita observar redução relevante nos indicadores da doença. O modelo segue experiência semelhante conduzida no município durante a campanha de vacinação contra a covid-19.
Outras localidades com predominância do sorotipo DENV-3, identificado como responsável por parte do aumento de casos recentes, também estão em avaliação para integrar estudos populacionais.
De acordo com dados apresentados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o imunizante demonstrou eficácia de 74,7% contra dengue sintomática em pessoas de 12 a 59 anos e de 89% contra formas graves e com sinais de alarme. A Anvisa concedeu o registro da vacina na segunda-feira (08), permitindo sua entrada no Sistema Único de Saúde.
O país já dispõe de outra vacina contra a dengue, aplicada em duas doses e destinada a adolescentes de 10 a 14 anos. Desde a incorporação desse imunizante em 2024, mais de 7,4 milhões de doses foram administradas. Para 2026, o Ministério da Saúde prevê a entrega de 9 milhões de doses adicionais, com mais 9 milhões programadas para 2027.




Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Ainda não há comentários nesta matéria.