Brasília (DF) — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (3) que a queda da pobreza e da extrema pobreza registrada pelo IBGE reflete um conjunto de fatores econômicos recentes, como a desaceleração da inflação, o aumento dos salários e a recuperação do emprego. Durante visita ao polo automotivo do Ceará, em Horizonte, ele disse que a melhora nas condições de vida está diretamente ligada à circulação de renda entre trabalhadores e à retomada de políticas voltadas para o consumo e a indústria.
Os dados divulgados mais cedo pelo IBGE apontaram redução significativa das camadas mais vulneráveis da população. Lula citou a menor inflação acumulada em quatro anos, o crescimento real do salário mínimo e o avanço da massa salarial como elementos centrais para esse resultado. Para ele, o conjunto desses indicadores demonstra que políticas de valorização do trabalho têm impacto direto sobre a estrutura social do país.
O presidente afirmou que a diminuição do desemprego, hoje no menor nível da série histórica, reforça a tendência. Segundo Lula, a combinação entre inflação baixa e renda maior “coloca dinheiro na mão do povo” e sustenta não apenas o consumo, mas também a capacidade de planejamento das famílias.
O discurso é coerente com a percepção do governo de que o mercado interno permanece como pilar para a expansão econômica, especialmente em regiões que retomam investimentos industriais.
A visita ao polo automotivo ocorreu durante a cerimônia que marcou o início da produção de veículos elétricos da General Motors no Brasil. O anúncio é parte do esforço do governo para ampliar a presença de tecnologia limpa na indústria nacional e reposicionar o setor automotivo após anos de retração e fechamento de fábricas.
Lula mencionou ainda a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, que entra em vigor a partir de janeiro, como medida destinada a ampliar o poder de compra e corrigir distorções históricas no sistema tributário.
O presidente defendeu que a cobrança de impostos deve ser proporcional à renda e observou que, historicamente, trabalhadores assalariados pagam proporcionalmente mais do que os estratos mais ricos.

Para ele, a política de desoneração parcial do Imposto de Renda faz parte de uma visão mais ampla de distribuição da riqueza produzida no país, reforçando a necessidade de que o crescimento econômico seja acompanhado de maior justiça tributária.
Ao tratar de energia renovável, Lula ressaltou que o Brasil já possui 53% de sua matriz baseada em fontes limpas, índice superior ao de países desenvolvidos que projetam metas menores para 2050.
A produção de veículos elétricos no Ceará foi apresentada como exemplo de como a política industrial pode estar alinhada às metas ambientais e ao mesmo tempo estimular inovação e emprego local. Ele afirmou que a decisão da GM de investir nessa linha de produção demonstra confiança na capacidade técnica e industrial do país.
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O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também ocupa o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, reforçou esse argumento ao lembrar que esta é a terceira fábrica automotiva reativada no atual governo.
Ele destacou que, quando Lula reassumiu a Presidência, o setor enfrentava crise profunda, com ociosidade elevada e retração nas vendas. O programa de incentivo ao crédito para veículos, lançado no início do mandato, foi citado como resposta capaz de recuperar a demanda no curto prazo.
Alckmin mencionou ainda o lançamento da Nova Indústria Brasil (NIB), programa que busca modernizar a estrutura produtiva nacional com foco em inovação, sustentabilidade e agregação de valor. Para ele, o investimento em veículos elétricos simboliza essa nova fase, marcada por políticas industriais mais ativas e voltadas a segmentos estratégicos.
Mais cedo, em Fortaleza, Lula participou da entrega das novas carteiras nacionais de docentes a professores do estado e assinou a autorização para a terceira etapa das obras do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no Ceará.
Com investimento de R$ 181,3 milhões, a expansão do ITA reforça o esforço de descentralizar instituições de excelência e ampliar a formação tecnológica fora do eixo Sudeste.
Os anúncios no Ceará foram interpretados pelo governo como parte de um ciclo de fortalecimento do desenvolvimento regional, no qual política industrial, renda e expansão social caminham de forma integrada.
Para Lula, a queda da pobreza não é apenas resultado conjuntural, mas expressão de um projeto que combina crescimento econômico com inclusão e que tem como foco redistribuir oportunidades em escala nacional.











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