Paraná

Brasília (DF) — O governo federal mobilizou uma ampla força-tarefa e liberou R$ 25 milhões para obras emergenciais após o tornado que devastou Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, na sexta-feira (7), deixando seis mortos, centenas de feridos e 90% da área urbana danificada, em uma resposta que envolve reconstrução de infraestrutura, proteção social e restabelecimento de serviços essenciais para evitar colapso econômico e social na região.

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O tornado, com ventos que chegaram a 250 km/h, destruiu casas, escolas, unidades de saúde e equipamentos públicos, deixando milhares de moradores sem energia, sem acesso a serviços básicos e com prejuízos materiais severos.

Com cerca de 14 mil habitantes, Rio Bonito do Iguaçu foi um dos municípios mais atingidos por eventos climáticos extremos já registrados no estado. A intensidade do fenômeno expôs novamente a vulnerabilidade estrutural de cidades pequenas diante de tempestades cada vez mais frequentes e destrutivas.

A partir de determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo reconheceu situação de calamidade pública em caráter sumário no dia 8 de novembro, acelerando a liberação de recursos e acionando equipes federais para socorro e reconstrução.

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O Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) e a Defesa Civil Nacional enviaram três equipes técnicas para mapear danos, orientar abrigos, apoiar assistência humanitária e iniciar planos de restabelecimento da infraestrutura. Dois planos de trabalho já foram aprovados, somando R$ 25 milhões, com prioridade para a reconstrução de uma escola municipal, um ginásio, o terminal rodoviário, o centro cultural e estruturas administrativas.

A restauração dos serviços básicos avança como um dos eixos centrais da resposta. O Ministério de Minas e Energia coordenou o setor elétrico para restabelecer energia em 99% das unidades locais, após 90 mil consumidores terem ficado sem fornecimento em 18 municípios.

No campo das telecomunicações, a Anatel articulou com Vivo e Claro a normalização dos serviços e autorizou roaming gratuito da TIM para moradores de 24 municípios, garantindo conectividade mínima durante o período crítico.

A agenda social também foi mobilizada para reduzir vulnerabilidades. A Conab e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome distribuíram 1.500 cestas de alimentos de 25 kg e ampliaram o repasse para cozinhas solidárias na região.

O Ministério da Saúde enviou equipes da Força Nacional do SUS, kits de medicamentos e profissionais para acolhimento psicológico, enquanto a Vigilância em Saúde reforçou ações de identificação de riscos sanitários e prevenção de enfermidades pós-desastre.

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O impacto econômico do tornado motivou medidas adicionais de proteção social e trabalhista. O Ministério do Trabalho autorizou parcelas extras do seguro-desemprego, garantindo renda temporária a trabalhadores afetados. A Previdência Social antecipou benefícios assistenciais e acelerou análises pendentes no INSS local.

A Receita Federal prorrogou prazos de pagamento de tributos, e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional suspendeu cobranças da dívida ativa por quatro meses. A Caixa Econômica Federal enviou o Caminhão Caixa para facilitar o saque do FGTS-Calamidade e ampliar serviços de bancarização emergencial.

Em paralelo, o Ministério da Educação avalia nova data para o Enem de estudantes prejudicados pelo desastre, enquanto o FNDE analisa pedidos de ônibus escolares, creches e materiais educativos para recompor a estrutura educacional do município, atingida com severidade.

Assentamentos do Incra na região também foram mapeados, registrando perdas em lavouras, estruturas comunitárias e moradias, o que agrava a situação econômica de famílias rurais já vulneráveis.

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A magnitude da resposta federal revela mais que um esforço humanitário: expõe a dimensão econômica dos eventos climáticos extremos no Brasil, que têm pressionado municípios pobres e ampliado custos para serviços públicos.

Em cidades pequenas, a destruição de infraestrutura escolar, hospitalar e logística representa não apenas perda material, mas retração de atividade produtiva, interrupção de aulas, fechamento de comércios e desorganização da economia local. Em contextos assim, políticas anticíclicas tornam-se cruciais para evitar espirais de empobrecimento e êxodo.

Nesse sentido, a emergência reforça a necessidade de fundos permanentes de adaptação, planejamento de risco e investimentos estruturantes que reduzam a dependência de ações exclusivamente reativas.

Os gastos emergenciais, além de proteger vidas, funcionam como estímulo imediato à economia local por meio de empregos temporários, recomposição de renda e reativação de cadeias produtivas.

Nos próximos meses, o desafio será transformar a resposta emergencial em reconstrução duradoura. Para municípios como Rio Bonito do Iguaçu, a presença do Estado não é apenas socorro: é condição para restaurar infraestrutura, recuperar serviços públicos, reconstruir a vida econômica e fortalecer resiliência diante de eventos extremos que tendem a se repetir com maior frequência nos próximos anos.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista com foco em economia e sociedade, dedica-se a investigar como decisões econômicas, políticas e sociais se entrelaçam na construção de um Estado de bem-estar social no Brasil.

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