Matos Costa (SC) — Agricultoras assentadas de Santa Catarina começaram a ter acesso a uma nova etapa do Crédito Fomento Mulher, programa que oferece até R$ 8 mil por beneficiária para financiar projetos produtivos individuais em seus lotes. A iniciativa, apresentada nesta semana em reuniões nos assentamentos de Matos Costa, tem como objetivo ampliar a renda das famílias rurais e estimular a autonomia financeira das mulheres.
O crédito é disponibilizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e se destina exclusivamente às titulares dos lotes. Segundo o órgão, a medida faz parte de uma política voltada para o fortalecimento do papel feminino nas cadeias produtivas do campo, com foco em atividades de agricultura familiar, processamento artesanal e agroecologia.
“Essa política pública é muito importante para o fortalecimento das mulheres na comunidade, contribuindo para a geração de renda de toda a família. Recentemente, os valores destinados foram incrementados, passando de cinco mil para oito mil, o que ampliou a possibilidade de investimento”, explicou Mídia Maciel, chefe da Divisão de Desenvolvimento Sustentável do Incra em Santa Catarina, em declaração divulgada pela Agência Gov.
O programa opera em formato de crédito subsidiado, com desconto de 90% no reembolso. Isso significa que, após três anos, as beneficiárias devolvem apenas cerca de R$ 800 aos cofres públicos.
A contrapartida é o cumprimento do projeto produtivo apresentado — cuja execução será acompanhada e fiscalizada pelas equipes técnicas do Incra e dos municípios.
O mecanismo cria um ciclo de impacto direto sobre a economia local: o crédito, ao ser aplicado em pequenas criações, hortas, cooperativas ou agroindústrias, movimenta o comércio rural, amplia o consumo de insumos e reforça o vínculo entre produção e renda familiar.
Em regiões como o Planalto Norte catarinense, a medida ajuda a consolidar um ambiente de microempreendimentos rurais liderados por mulheres.
Graças a um acordo de cooperação técnica firmado entre o Incra e a prefeitura de Matos Costa, a equipe municipal será responsável pela elaboração dos projetos produtivos de acordo com a vocação e as necessidades de cada família.

Após aprovação, os valores serão transferidos diretamente às contas das beneficiárias, com saque autorizado na agência bancária do próprio município.
A experiência reforça uma diretriz econômica mais ampla do governo federal: associar políticas de crédito e inclusão social a mecanismos de desenvolvimento local. A aposta é que o fortalecimento da agricultura familiar feminina reduza a dependência de repasses assistenciais e estimule o surgimento de pequenos negócios sustentáveis dentro dos assentamentos.
O Fomento Mulher integra um conjunto de ações do Programa Nacional de Reforma Agrária voltadas à estruturação produtiva dos lotes e à geração de renda no campo.
Desde sua criação, o modelo de crédito combina subsídio público e corresponsabilidade das beneficiárias, que decidem como aplicar os recursos e executam os projetos com acompanhamento técnico.
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A ampliação recente do limite — de R$ 5 mil para R$ 8 mil — sinaliza uma tentativa de adaptar o programa à realidade dos custos de produção e ao objetivo de aumentar a escala das atividades femininas na agricultura.
O desafio, segundo técnicos do próprio Incra, será garantir que os projetos resultem em empreendimentos economicamente sustentáveis, capazes de manter receita mesmo após o fim do incentivo.
Com o avanço do programa em Santa Catarina, o governo pretende consolidar um modelo de crédito de pequeno porte voltado à autonomia econômica das mulheres do campo, que soma geração de renda, inclusão produtiva e fortalecimento das comunidades rurais.










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