Jacarta — Os governos do Brasil e da Indonésia divulgaram nesta quinta-feira (23) um comunicado conjunto sobre o fortalecimento da parceria estratégica entre os dois países, durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Jacarta. O documento propõe ampliar a cooperação econômica, tecnológica e ambiental, ao mesmo tempo em que defende uma reforma da governança internacional para dar maior representatividade ao Sul Global.
Segundo informações da Agência Brasil, o comunicado reafirma o interesse mútuo em áreas como agronegócio, energia, mineração, defesa e turismo.
Também prevê parcerias em educação, ciência, tecnologia e inovação, com destaque para transições energéticas, biocombustíveis e políticas ambientais.
O texto enfatiza que Brasil e Indonésia compartilham “sinergia e complementariedade” em seus modelos de desenvolvimento — ambos grandes produtores agrícolas e potências ambientais com florestas tropicais e amplas reservas minerais.
Por trás da linguagem diplomática, o encontro sinaliza um movimento estratégico mais amplo: o reposicionamento do Brasil como articulador de alianças produtivas entre economias emergentes, em contraste com o eixo financeiro do Norte global.
Ao aproximar-se da Indonésia, quarta maior população do mundo e principal economia do Sudeste Asiático, o país busca fortalecer sua presença na Ásia e construir uma agenda de cooperação voltada ao desenvolvimento sustentável e à segurança alimentar.
A política externa brasileira tem se apoiado cada vez mais na lógica da interdependência produtiva — o que, no contexto global atual, representa uma alternativa à fragmentação geopolítica e à dependência tecnológica.
A assinatura do comunicado reforça o esforço do Itamaraty em combinar diplomacia climática com uma estratégia de inserção econômica capaz de gerar oportunidades industriais e científicas no país.
O documento também aborda temas de alcance global, como o combate à fome e à pobreza, o enfrentamento das mudanças climáticas e a proteção das florestas tropicais.
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Brasil e Indonésia manifestaram apoio ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será formalizado na Cúpula do Clima de Belém, e reiteraram que a segurança alimentar e nutricional é condição essencial para a estabilidade nacional.
No campo político, os dois países defenderam uma “reforma urgente e abrangente” das instituições multilaterais, em especial do Conselho de Segurança da ONU, para incluir vozes historicamente sub-representadas. Também expressaram apoio ao cessar-fogo em Gaza e à reconstrução da região sob a perspectiva da solução de dois Estados.
A visita de Lula à Indonésia encerra uma etapa simbólica da política externa brasileira: o esforço de reconstruir pontes com o mundo em desenvolvimento.
O novo eixo Sul-Sul, sustentado por agendas de energia limpa, meio ambiente e cooperação produtiva, busca redefinir o papel do Brasil no século 21 — não apenas como fornecedor de commodities, mas como ator político e tecnológico de uma ordem global em transformação.










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