PIB da China

O Banco Mundial elevou nesta terça-feira (7) a projeção de crescimento da China para 4,8% em 2025, destacando uma recuperação moderada da segunda maior economia do mundo, mas alertando para uma desaceleração já prevista para o próximo ano. O novo cenário é acompanhado de uma estratégia paralela de Pequim: acelerar a construção de reservas nacionais de petróleo, parte de um plano de segurança energética diante do aumento das incertezas geopolíticas.

continua depois da publicidade

O relatório semestral da instituição para a região do Leste Asiático e Pacífico revisou para cima a previsão anterior de 4,0%, feita em abril. Apesar do ajuste, o documento ressalta que a expansão deve perder força em 2026, projetando crescimento de 4,2%.

Entre os fatores de risco, o Banco Mundial cita o enfraquecimento da confiança de consumidores e empresas, a redução esperada dos estímulos fiscais e a desaceleração estrutural da economia chinesa.

A recuperação ainda tímida reflete o impacto das políticas econômicas norte-americanas e da instabilidade no comércio global. Dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China mostraram que a produção industrial e as vendas no varejo registraram em setembro o menor avanço em quase um ano.

continua depois da publicidade

Analistas do Goldman Sachs e do Nomura avaliam que o governo deverá recorrer a novos cortes na taxa de recompra reversa de sete dias e ampliar os investimentos em infraestrutura para sustentar a meta oficial de crescimento “em torno de 5%”.

Ao mesmo tempo, o governo chinês intensificou os esforços para ampliar suas reservas de petróleo. Segundo dados oficiais, estatais como Sinopec e CNOOC estão construindo 11 novos complexos de armazenamento que, juntos, somarão capacidade para 169 milhões de barris até 2026.

Desse total, cerca de 37 milhões já foram concluídos. A expansão faz parte de uma política iniciada após a guerra na Ucrânia, que evidenciou a vulnerabilidade de grandes importadores diante de sanções e choques de oferta.

PIB da China

A estratégia tem dupla função: garantir estabilidade energética doméstica e reforçar a posição geopolítica da China no mercado global.

Ao comprar grandes volumes de petróleo para reserva, Pequim ajuda a sustentar os preços internacionais em momentos de excesso de oferta, enquanto reduz sua dependência de importações emergenciais em períodos de crise.

O movimento contrasta com o dos Estados Unidos, que reduziram suas reservas estratégicas para cerca de 400 milhões de barris após as liberações de 2022 e 2023.

De acordo com projeções da BloombergNEF e da consultoria Wood Mackenzie, a China pode atingir entre 1,1 e 1,3 bilhão de barris armazenados até 2027, volume suficiente para cobrir cerca de 95 dias de importações líquidas — nível próximo ao padrão de segurança adotado pela International Energy Agency (IEA), embora o país não seja membro do grupo. 

Leia mais

O objetivo de longo prazo é chegar a 2 bilhões de barris e garantir autossuficiência por até seis meses em caso de bloqueios ou sanções internacionais.

A combinação de crescimento moderado e expansão de reservas revela uma China pragmática, que ajusta sua economia ao novo ciclo global ao mesmo tempo em que se prepara para turbulências no comércio e na geopolítica.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista e redator especializado em economia, finanças e investimentos. É Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Scroll to Top