Tarifaço

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta segunda-feira (6) ao presidente Donald Trump a retirada do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O pedido foi feito durante uma conversa telefônica de 30 minutos, em tom descrito pelo Palácio do Planalto como “amistoso”.

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Segundo o governo brasileiro, Lula também solicitou a suspensão das sanções financeiras contra autoridades do país, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e a revisão da cassação de vistos de integrantes do governo.

O republicano justificou as punições como resposta ao que chamou de “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado.

Durante o diálogo, Trump nomeou o secretário de Estado Marco Rubio para conduzir as negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda Fernando Haddad.

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Ambos os líderes concordaram em realizar uma reunião presencial em breve. Lula sugeriu que o encontro ocorra na Cúpula da ASEAN, marcada para o fim de outubro, na Malásia, mas também se colocou à disposição para viajar aos Estados Unidos.

“O presidente Lula reiterou convite para que Trump participe da COP30, em Belém (PA), e manifestou disposição em reforçar o diálogo bilateral”, informou nota oficial do Planalto.

Essa foi a primeira conversa direta entre os dois desde a Assembleia-Geral da ONU, em setembro, quando trocaram cumprimentos rápidos de menos de um minuto em Nova York. 

Segundo o governo brasileiro, os presidentes “relembraram a boa química” do encontro e trataram da retomada do comércio e de temas climáticos.

Tarifaço

O tarifaço imposto por Washington atinge principalmente produtos siderúrgicos, agrícolas e de manufatura, com exceção parcial ao setor aeronáutico — que paga sobretaxa de 10%.

O Brasil é um dos poucos membros do G20 que ainda mantém déficit na balança de bens e serviços com os EUA, ao lado do Reino Unido e da Austrália, argumento utilizado por Lula para tentar reverter as medidas.

Fontes diplomáticas ouvidas em Brasília afirmam que, nas últimas semanas, a Casa Branca vinha sinalizando abertura para um reequilíbrio da relação bilateral, em meio à percepção de que as sanções não surtiram o efeito político esperado.

Trump, que enfrenta pressão de aliados republicanos e de empresários americanos contrários ao protecionismo, teria demonstrado interesse em negociar uma solução comercial “win-win”.

Nos bastidores, assessores do Itamaraty avaliam que uma reaproximação pragmática entre Brasília e Washington poderia destravar projetos de cooperação energética e climática, especialmente antes da COP 30.

Com a agenda ainda em definição, diplomatas brasileiros trabalham para que a reunião presencial ocorra até o início de novembro.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista e redator especializado em economia, finanças e investimentos. É Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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