O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (6) pelo Banco Central mostrou que o mercado manteve as previsões para o PIB e a Selic, mas reduziu as projeções para o dólar e o IGP-M. As estimativas, coletadas até sexta-feira (3), indicam estabilidade na economia e menor pressão inflacionária no curto prazo.
A mediana das projeções para o crescimento do PIB em 2025 permaneceu em 2,16%, o mesmo nível registrado nas últimas quatro semanas. Para 2026, o mercado manteve a expectativa de avanço de 1,80%, também sem alterações.
A estabilidade nas projeções reflete uma leitura de continuidade do cenário macroeconômico, em que o ritmo de atividade segue moderado, com destaque para a resiliência do consumo e da produção industrial.
Em relação à taxa Selic, as apostas continuam indicando 15,00% ao ano até o fim de 2025, reforçando a percepção de que o ciclo de altas foi interrompido, porém, a taxa deve se manter elevada por um período prolongado.
Essa decisão é vista como uma tentativa do Banco Central de conter pressões de preços e preservar a ancoragem das expectativas inflacionárias.
O resultado parece surtir efeito, uma vez que a inflação medida pelo IPCA recuou marginalmente nas projeções, de 4,81% para 4,80%, mantendo-se dentro do intervalo de estabilidade, ainda que acima do teto da meta estipulado pelo Conselho Monetário Nacional.
Já a expectativa para os preços administrados subiu de 4,77% para 4,81%, refletindo que o mercado acredita que haverá reajustes em combustíveis e tarifas de energia elétrica nos próximos meses. Para 2026, a previsão segue em 4,28%, sinalizando convergência gradual ao centro da meta, mesmo que de forma gradual.
O câmbio teve leve melhora, com a mediana das projeções passando de R$ 5,48 para R$ 5,45 por dólar. Essa valorização do real ocorre em meio a fluxos externos mais robustos, especialmente após anúncios de investimentos estrangeiros em energia e infraestrutura.

Nesse contexto, o IGP-M, índice utilizado como referência para contratos e aluguéis, recuou de 1,02% para 0,96% nas projeções, apontando para desaceleração nos preços no atacado e alívio nas cadeias de insumos.
Já o resultado primário esperado para 2025 passou de déficit de 0,51% para 0,50% do PIB, sinalizando leve melhora na percepção fiscal, enquanto a dívida líquida deve encerrar o ano em 65,76% do PIB, ante 65,80% na semana anterior.
Com o quadro praticamente estável, o mercado aguarda novos sinais da política monetária e da execução orçamentária para ajustar suas apostas.
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A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) será decisiva para indicar se o Banco Central pretende manter a Selic inalterada por mais tempo ou se há espaço para uma flexibilização já no primeiro trimestre de 2026.
Até lá, o Focus continua indicando um cenário de cautela, com inflação controlada, juros altos e crescimento moderado.