Poucos investimentos conseguem unir segurança, previsibilidade e acessibilidade como o Tesouro Direto. Criado em 2002, o programa se consolidou como uma das principais portas de entrada para quem deseja começar a investir.
De acordo com dados do Tesouro Nacional, a plataforma superou a marca de 24 milhões de investidores cadastrados em 2024, um crescimento de mais de 16% em relação ao ano anterior.
Esse avanço é impulsionado por uma combinação de fatores: educação financeira mais difundida, maior acesso digital e, especialmente, a atratividade dos rendimentos em um contexto de juros elevados.
Com aplicações a partir de R$ 30 e rentabilidades que superam a inflação, o Tesouro é, ainda hoje, uma das formas mais eficientes de construir patrimônio com estabilidade.
Neste guia técnico e aprofundado, você vai entender:
- O que é o Tesouro Direto;
- Quais são os tipos de títulos disponíveis;
- Os prazos e riscos de investir nessa modalidade;
- As taxas e custos e como investir;
- Estratégias para montar a sua carteira.
Boa leitura!
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O que é o Tesouro Direto?
O Tesouro Direto é um programa criado em 2002 pelo Tesouro Nacional, em parceria com a B3, para permitir que pessoas físicas comprem títulos públicos pela internet, sem intermediação de bancos ou grandes instituições financeiras.
Na prática, ao investir no Tesouro Direto, você está emprestando dinheiro ao governo federal. Em troca, recebe uma remuneração, que pode ser prefixada, atrelada à inflação (IPCA) ou à taxa básica de juros (Selic).
O programa permite aplicações a partir de R$30, o que o torna extremamente acessível para qualquer pessoa que deseja começar a construir sua reserva de emergência.
Tipos de títulos disponíveis
Existem basicamente 3 tipos de títulos disponíveis no Tesouro Direto:
- Tesouro Selic;
- Tesouro Prefixado;
- Tesouro IPCA+.
1. Tesouro Selic (LFT)
Esse é o título mais seguro e indicado para quem busca liquidez diária e baixo risco de mercado. Sua rentabilidade acompanha a taxa Selic, o que o torna ideal para reserva de emergência e períodos de instabilidade.
2. Tesouro Prefixado (LTN e NTN-F)
Nesse tipo de título, o investidor conhece antecipadamente a taxa de juros que receberá no vencimento. É vantajoso quando se espera queda de juros no futuro.
Por exemplo, se atualmente a taxa Selic está em 15%, mas a inflação está controlada e há uma perspectiva de queda na taxa de juros, pré-fixar a taxa pode ser mais vantajoso se o resgate for de longo prazo.
3. Tesouro IPCA+ (NTN-B e NTN-B Principal)
Combina uma taxa de juros prefixada com a variação da inflação (IPCA). Garante rendimento real, ou seja, acima da inflação. Muito usado para planejamento de longo prazo, como aposentadoria ou educação dos filhos.
Quais os prazos e riscos?
Os títulos têm vencimentos que variam de poucos meses a mais de 20 anos. Por isso, são indicados para vários tipos de objetivos: desde a construção da reserva de emergência, até a busca por liberdade financeira no futuro.
É importante dizer que é possível vendê-los antes do vencimento no mercado secundário, mas nesse caso, o valor de resgate pode ser maior ou menor que o valor investido, dependendo das oscilações de mercado — o chamado risco de marcação a mercado.
Para evitar prejuízos, o ideal é manter o investimento até o vencimento, especialmente nos títulos prefixados e IPCA+.
Caso a ideia seja construir a reserva de emergência, a escolha deve ser por títulos com resgate automático ou de prazo bastante curto para evitar a perda de rentabilidade em resgates antecipados.
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Taxas e custos
Desde 2022, o Tesouro Direto zerou a taxa de custódia da B3 para aplicações de até R$10 mil no Tesouro Selic, o que favoreceu ainda mais os pequenos investidores.
As demais aplicações têm uma taxa de 0,2% ao ano sobre o valor aplicado. Além disso, há o Imposto de Renda regressivo, que varia de 22,5% a 15% sobre os rendimentos, conforme o tempo de aplicação, visto na tabela abaixo:
Prazo de resgate | Alíquota IR |
Até 180 dias | 22,5% |
181 a 360 dias | 20% |
361 a 720 dias | 17,5% |
Acima de 720 dias | 15% |
Como investir na prática
Investir no Tesouro Direto é bastante simples, e em alguns passos você já está pronto para começar:
- Abra uma conta em uma corretora habilitada ao Tesouro Direto (a maioria dos bancos digitais oferece essa função);
- Transfira o valor desejado para a conta da corretora;
- Acesse o site ou app da corretora, escolha o título de sua preferência e confirme a operação;
- O título é registrado em seu CPF no sistema do Tesouro Nacional e pode ser consultado a qualquer momento.
Tesouro Direto x outras opções de renda fixa
Apesar da concorrência de produtos como CDBs, LCIs e LCAs, o Tesouro Direto continua se destacando pela segurança e previsibilidade.
Todos os títulos têm garantia do Tesouro Nacional — diferente dos CDBs, que são cobertos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até o limite de R$250 mil por CPF.
Além disso, os títulos IPCA+ ainda são os únicos com garantia de rendimento acima da inflação, protegendo o poder de compra no longo prazo.
Estratégias para montar sua carteira
Para quem está querendo começar a investir, é essencial criar uma estratégia para montar a carteira. Isso pode ser feito, unindo objetivos de curto, médio e longo prazo.
- Curto prazo e liquidez: Tesouro Selic é imbatível para reservas emergenciais.
- Médio prazo com previsibilidade: Prefixado pode ser boa opção em cenário de queda de juros.
- Longo prazo com proteção contra inflação: Tesouro IPCA+ com vencimento longo (2035 ou 2045) garante rendimento real para aposentadoria ou grandes projetos futuros.
Tesouro Direto ainda vale a pena?
O Tesouro Direto ainda é uma boa opção, especialmente com a Selic ainda em níveis elevados. Afinal, o Tesouro Selic oferece retorno competitivo com alta liquidez, enquanto o Tesouro IPCA+ garante proteção real contra a inflação.
Mesmo com eventual queda nos juros, os títulos de longo prazo ainda entregam rentabilidades sólidas para quem manter o papel até o vencimento, o que reforça a importância de alinhamento com seus objetivos financeiros.
Conclusão
Como podemos ver, o Tesouro Direto continua sendo uma das opções mais completas, acessíveis e seguras do mercado brasileiro. Com títulos para diferentes prazos e perfis, é uma peça-chave na construção de uma carteira sólida e diversificada.
Para quem quer investir com clareza, responsabilidade e controle de risco, entender o Tesouro Direto em profundidade é mais do que necessário — é estratégico.
FAQ – Perguntas Frequentes
O que é o Tesouro Direto?
O Tesouro Direto é um programa do governo federal que permite a pessoas físicas investirem em títulos públicos pela internet, com segurança, baixo valor inicial e diversas opções de rentabilidade e prazo.
Qual o investimento mínimo no Tesouro Direto?
O investimento mínimo no Tesouro Direto é de aproximadamente R$ 30, variando conforme o preço unitário do título escolhido. Você pode investir a partir de 1% do valor de um título.
Tesouro Direto é melhor que a poupança?
Sim. O Tesouro Direto costuma render mais que a poupança, com segurança semelhante. Títulos como o Tesouro Selic oferecem liquidez e rendimento acima da inflação, ao contrário da poupança em muitos cenários.
Quais são os tipos de títulos do Tesouro Direto?
Os principais títulos são:
- Tesouro Selic (rende conforme a taxa básica de juros);
- Tesouro Prefixado (rende uma taxa fixa);
- Tesouro IPCA+ (rende IPCA + uma taxa fixa).
Há também versões com ou sem pagamento de juros semestrais.
Tesouro Direto tem risco?
O risco de crédito é muito baixo, pois os títulos são garantidos pelo governo. No entanto, há risco de marcação a mercado se você vender o título antes do vencimento — o valor pode cair ou subir dependendo dos juros atuais.
Tesouro Direto paga imposto?
Sim. Incidem:
- Imposto de Renda: de 22,5% a 15% sobre o rendimento, conforme o prazo da aplicação.
- IOF: apenas nos primeiros 30 dias.
- Taxa de custódia da B3: 0,2% ao ano, com isenção até R$ 10 mil no Tesouro Selic.
Quanto rende o Tesouro Direto?
O rendimento depende do tipo de título e da taxa contratada. O Tesouro Selic acompanha a taxa básica de juros. Já o Prefixado e o IPCA+ têm rendimentos acordados no momento da compra, podendo superar 10% ao ano.
Posso resgatar o Tesouro Direto antes do vencimento?
Sim. O Tesouro Nacional recompra os títulos diariamente em dias úteis. No entanto, o valor de resgate pode ser diferente do esperado por causa da marcação a mercado. O ideal é manter o título até o vencimento.
Como investir no Tesouro Direto?
Você precisa de uma conta em uma corretora de valores habilitada. Após abrir a conta, transfira o valor desejado e escolha os títulos diretamente pela plataforma da corretora ou pelo site do Tesouro Direto.
Qual o melhor título do Tesouro Direto para começar?
Para iniciantes, o Tesouro Selic costuma ser o mais indicado, por ter baixo risco de oscilação e alta liquidez. Ele é ideal para reserva de emergência e para aprender como funciona o investimento em renda fixa.