Shutdown
Prefere ouvir o artigo? Aperte o play!

O governo dos Estados Unidos iniciou nesta quarta-feira (1º) uma paralisação parcial de suas atividades após o Congresso não chegar a um acordo sobre a lei orçamentária, levando ao 15º shutdown desde 1981. O impasse político entre a Casa Branca e os parlamentares, marcado por disputas sobre a extensão de benefícios de saúde e cortes em programas federais, deve afastar temporariamente cerca de 750 mil servidores públicos e custar aproximadamente US$ 400 milhões por dia, segundo estimativas oficiais.

continua depois da publicidade

A ausência de consenso se refletiu imediatamente nos mercados financeiros. Analistas independentes alertam que o bloqueio orçamentário suspenderá a divulgação do relatório de emprego de setembro, um dos indicadores mais aguardados pelo Federal Reserve na definição da trajetória de juros.

A incerteza aumentou as apostas de que o banco central americano será forçado a cortar taxas já em outubro, movimento que elevou a volatilidade nos ativos globais.

Em reação, os contratos futuros das bolsas de Nova York operavam em queda de cerca de 0,6% no pré-mercado. O ouro renovou máxima histórica, chegando a US$ 3.895 por onça, reforçando a busca dos investidores por proteção em meio ao cenário político conturbado. O dólar também perdeu força pelo quarto dia consecutivo frente às principais moedas, enquanto os rendimentos dos Treasuries permaneceram estáveis.

continua depois da publicidade

O clima de aversão ao risco atravessou o Atlântico. Na Europa, os índices abriram em terreno misto, com o Stoxx 600 praticamente estável. Setores de saúde e farmacêuticos sustentaram ganhos em Londres e Zurique, ajudando o FTSE 100 a atingir um novo recorde intradiário.

A expectativa é de que o segmento escape de tarifas adicionais nos EUA, após um acordo entre a Casa Branca e a Pfizer sobre preços de medicamentos.

Na Ásia, o efeito do shutdown coincidiu com um quadro desigual nas economias regionais. O índice Nikkei, no Japão, recuou 0,9% após um trimestre de forte valorização e diante de sinais de desaceleração industrial.

Já a Coreia do Sul surpreendeu com alta de 0,9% no Kospi, sustentada pelo avanço das exportações de semicondutores em setembro, o maior ritmo em 14 meses.

Leia mais

Taiwan também acompanhou o movimento positivo, com valorização de 0,6%. Em contrapartida, as bolsas da China continental e de Hong Kong permaneceram fechadas por conta do feriado da Semana Dourada.

Sem perspectiva de acordo imediato no Congresso, investidores seguem monitorando os efeitos do shutdown sobre a divulgação de dados econômicos cruciais.

A combinação entre incerteza fiscal nos EUA e sinais divergentes das principais economias asiáticas adiciona complexidade ao início do último trimestre do ano para os mercados globais.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista e redator especializado em economia, finanças e investimentos. É Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Scroll to Top