O Brasil registrou a abertura de 2,6 milhões de pequenos negócios apenas no primeiro semestre de 2025. O número representa um crescimento de 23% em relação ao mesmo período de 2024, de acordo com levantamento divulgado pelo Sebrae nesta semana.
Os microempreendedores individuais (MEIs) foram os protagonistas desse movimento, respondendo por 77,3% das novas formalizações — um avanço de 24,5% em relação ao ano anterior.
A maior concentração está no setor de serviços, responsável por 63,1% das aberturas, seguido por comércio (21,5%) e indústria de transformação (7,6%).
Segundo o Sebrae, o aumento é puxado por fatores como o desemprego estrutural, o avanço das plataformas digitais e a busca por maior autonomia financeira em meio ao cenário de juros altos e consumo mais seletivo.
“Há uma descentralização da atividade empreendedora, com forte avanço em estados como Piauí, Amazonas e Sergipe, onde o crescimento ultrapassa 34%”, destaca o relatório.
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Crescimento sem estrutura é risco silencioso
Apesar do número expressivo, especialistas alertam para um ponto crítico: a maioria dos novos empreendedores ainda não possui estrutura adequada de gestão.
Muitos sequer sabem calcular corretamente seus custos, definir preços de venda ou controlar o fluxo de caixa.
“Formalizar é apenas o primeiro passo. Sem conhecimento em gestão financeira, esses negócios podem sucumbir em poucos meses”, afirma o economista Rafael Barros, consultor de microempresas no setor de varejo e alimentação.
Ele destaca que 6 em cada 10 MEIs encerram atividades antes de completar dois anos, justamente pela falta de planejamento financeiro.
A ascensão dos negócios de uma só pessoa
A tendência revela um novo perfil de empreendedor brasileiro: o microempreendedor autônomo digitalizado, que vende via redes sociais, atende sob demanda e depende de aplicativos ou maquininhas de cartão para movimentar o negócio.
De acordo com dados da Serasa Experian, 48% dos novos MEIs usam o WhatsApp como principal canal de vendas.
Ao mesmo tempo, cresce a demanda por ferramentas acessíveis de gestão. Plataformas como app de controle de caixa, contabilidade online e acesso a crédito descomplicado estão se tornando vitais para a sobrevivência desse novo ecossistema.
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Oportunidade para quem educa — e para quem oferece soluções
Para quem atua com educação financeira, contabilidade digital ou tecnologia para pequenos negócios, o cenário é promissor. São milhões de brasileiros buscando ajuda prática para manter seus negócios funcionando — e, sobretudo, lucrativos.
Conteúdos que abordam desde como montar um fluxo de caixa simples, até como declarar o MEI no IR ou qual a melhor maquininha com menor taxa têm altíssimo potencial de busca.
Além disso, o aumento da formalização abre espaço para parcerias com instituições financeiras, fintechs e marketplaces voltados ao público MEI. Há uma economia paralela em formação — e quem entender suas dores terá mais chances de crescer junto.
O que vem a seguir?
Se a tendência continuar, o Brasil deve encerrar 2025 com mais de 5 milhões de novos pequenos negócios formalizados, consolidando o ano como o maior em número de aberturas da história.
Mas tão importante quanto abrir é permanecer no mercado. E isso passa, obrigatoriamente, por uma nova cultura de gestão, digitalização e educação financeira. O desafio está lançado.