O petróleo caminha para o maior ganho semanal em três meses, impulsionado por cortes de exportações russas e ataques da Ucrânia contra refinarias, ao mesmo tempo em que o ouro avança com investidores buscando proteção diante da escalada de tarifas comerciais impostas por Donald Trump. A combinação de restrição na oferta de energia e riscos políticos mantém os mercados em alerta nesta sexta-feira, com efeitos diretos sobre bolsas da Ásia e da Europa.
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Rússia corta exportações e petróleo tem maior alta desde junho
O Brent subia 0,2%, a US$ 69,55 por barril, e o WTI avançava 0,3%, a US$ 65,14 na manhã desta sexta (26). Na semana, ambos acumulam ganhos acima de 4%, o maior salto desde meados de junho.
O avanço reflete a decisão de Moscou de manter suspensa a exportação de gasolina e impor um novo bloqueio parcial a vendas de diesel até o fim do ano, depois que ataques ucranianos atingiram a infraestrutura de refino. A medida já provoca escassez em regiões russas e ameaça o equilíbrio de oferta na Europa, que depende fortemente de destilados.
Tarifas de Trump derrubam farmacêuticas e fabricantes de caminhões
O anúncio de sobretaxa de 100% a medicamentos não fabricados em solo norte-americano trouxe forte correção em ações de saúde. No Japão, Sumitomo Pharma, Chugai e Daiichi Sankyo recuaram entre 2% e 5%, enquanto na Europa, Bayer e Novo Nordisk também caíram mais de 2% em parte do pregão.
Trump ampliou o pacote de tarifas para o setor automotivo, com sobretaxa de 25% a caminhões pesados. A Daimler Truck perdeu mais de 3%, seguida por quedas em Traton e Iveco. Volvo destoou com leve alta, já que produz para o mercado dos EUA dentro do país.
Bolsas asiáticas recuam; Europa tenta recuperação
As bolsas da Ásia fecharam em queda nesta sexta (26). O Nikkei caiu 0,87% em Tóquio, o Kospi despencou 2,45% em Seul e o Hang Seng recuou 1,35% em Hong Kong. Na China continental, Xangai perdeu 0,65% e Shenzhen recuou 1,54%, com farmacêuticas e biotecnologia no centro das perdas.
Na Europa, os índices abriram em terreno positivo: Paris avançava 0,65%, Frankfurt ganhava 0,30% e Londres mantinha estabilidade, em um movimento visto como tentativa de recuperação após as fortes quedas da véspera.
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Ouro ganha força e cobre reflete desaceleração
Entre os metais, o ouro acumula alta de quase 2% na semana, sustentado pela busca por proteção contra risco político e incertezas monetárias. O cobre, em contrapartida, caiu 0,5%, refletindo sinais de demanda mais fraca na China e na Europa.
No câmbio, o dólar chegou a subir para máximas de três semanas, mas devolveu parte dos ganhos após os anúncios de tarifas, levando o índice DXY para a faixa de 98,4 pontos. O bitcoin recuou 2,1% e tocou mínima de três semanas antes de se estabilizar.
Perspectivas para a abertura do mercado no Brasil
O cenário externo deve pesar sobre a B3 nesta sexta-feira. O avanço do petróleo tende a sustentar ações de estatais ligadas ao setor de energia, como Petrobras, enquanto a queda nas farmacêuticas e fabricantes de veículos no exterior pode reverberar em companhias locais expostas a cadeias globais.
Além disso, investidores acompanham o impacto das tarifas de Trump sobre o humor dos mercados emergentes e aguardam os dados de inflação PCE dos EUA, que podem influenciar os próximos passos do Federal Reserve.
Nesse contexto, a volatilidade deve marcar a abertura em São Paulo, com destaque para setores ligados a commodities e exportação.