Fed deve cortar juros em meio a pressões de Trump nessa super quarta

Decisão desta quarta-feira (17) deve reduzir taxa em 0,25 ponto percentual e trazer novas projeções até 2028

O Federal Reserve deve anunciar nesta quarta-feira (17) um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros dos Estados Unidos, atualmente no intervalo entre 4,25% e 4,50%. A decisão será divulgada às 15h (horário de Brasília), seguida da entrevista coletiva do presidente Jerome Powell. O encontro ocorre em meio a pressões do presidente Donald Trump por reduções mais agressivas e a um ambiente de divisão interna no banco central americano.

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Pressão política sobre o Fed

Trump tem cobrado cortes mais profundos nos juros, alegando que a medida é necessária para sustentar o crescimento econômico. O presidente tentou pressionar Powell a deixar o cargo e, sem sucesso, voltou-se contra a governadora Lisa Cook, a quem tentou destituir por supostas irregularidades.

A Justiça manteve Cook no posto enquanto o caso é analisado. Na véspera da reunião, foi empossado o economista Stephen Miran, ex-assessor de Trump, como novo integrante do conselho do Fed. A nomeação amplia a influência política da Casa Branca sobre a instituição.

Divergências internas

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O corte previsto está longe de ser consenso entre os dirigentes. Na reunião de julho, dois governadores já haviam defendido reduções antecipadas. Agora, analistas esperam que Miran e outros aliados de Trump defendam uma diminuição maior, possivelmente de 0,50 ponto.

Ao mesmo tempo, presidentes de bancos regionais mantêm cautela diante da inflação persistente. O presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, é um dos que resistem à ideia de cortes rápidos. A divisão deve se refletir nas atas do encontro, a serem divulgadas nas próximas semanas.

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Projeções econômicas até 2028

Além da decisão sobre juros, o Fed divulgará projeções atualizadas para inflação, desemprego e crescimento. Será a primeira vez que o horizonte se estende até 2028, cobrindo todo o mandato de Trump.

As estimativas anteriores, de junho, apontavam inflação acima da meta de 2% para o fim deste ano, com riscos ligados às tarifas de importação anunciadas pela Casa Branca. 

Powell afirmou em agosto que o impacto dos tributos poderia ser temporário, mas reconheceu que a perda de fôlego no mercado de trabalho exige atenção.

Espera-se que as novas projeções mostrem menor ritmo de criação de empregos e indiquem novos cortes até dezembro. O mercado financeiro já precifica reduções em setembro, outubro e dezembro, com expectativa de ajuste mais lento em 2026.

Impacto nos mercados globais

Investidores acompanham a decisão com atenção, já que os juros norte-americanos influenciam ativos em todo o mundo. Uma sinalização de cortes sucessivos pode favorecer bolsas internacionais e moedas emergentes, enquanto uma postura mais cautelosa pode gerar volatilidade no câmbio e nos títulos públicos.

O comunicado do Fed e a fala de Powell serão decisivos para indicar se a instituição pretende manter o ritmo gradual de flexibilização ou acelerar o processo.

A reunião desta quarta-feira marca um momento de tensão entre a independência da política monetária dos EUA e a crescente pressão política vinda da Casa Branca.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista e redator especializado em economia, finanças e investimentos, com experiência em cobertura de mercado, políticas públicas e programas sociais. É Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Autor e fundador do portal IA do Dinheiro.

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