Acordo Mercosul-Emirados

O governo brasileiro espera concluir até o fim de 2025 o acordo comercial entre o Mercosul e os Emirados Árabes Unidos, afirmou nesta terça-feira (16) o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante cerimônia no Rio de Janeiro.

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Mercosul mira Oriente Médio para ampliar comércio

As negociações, iniciadas em 2024, têm como foco a redução de tarifas alfandegárias, facilitação de investimentos e abertura de serviços entre as duas partes.

A declaração foi feita no Rio de Janeiro, durante a cerimônia de assinatura de outro tratado entre o Mercosul e o bloco europeu EFTA (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça). 

Segundo Vieira, os avanços com os Emirados fazem parte de uma estratégia mais ampla de integração do grupo sul-americano, que inclui Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, além da Bolívia em processo de adesão plena.

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Bloco busca acordos também com Canadá, Japão e Índia

De acordo com o chanceler, além do Oriente Médio, o Mercosul tem mantido tratativas com Canadá, Japão, Índia, Vietnã e Indonésia. A prioridade é diversificar mercados e reduzir a dependência de parceiros tradicionais, especialmente em um momento em que a política comercial dos Estados Unidos impõe barreiras adicionais.

As tarifas criadas pelo governo norte-americano nos últimos anos, sob a gestão de Donald Trump, vêm alterando a dinâmica do comércio global e abrindo espaço para que o Mercosul se posicione como alternativa de fornecimento de alimentos, minérios e manufaturados.

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EFTA e União Europeia no radar

O acordo assinado nesta terça-feira entre o Mercosul e o EFTA cria uma área de livre comércio com um produto interno bruto combinado superior a US$ 4,3 trilhões e uma população de quase 300 milhões de pessoas.

Para o governo brasileiro, esse tratado deve gerar sinergias com a negociação mais complexa em curso: o acordo Mercosul–União Europeia. Esse pacto, acertado em princípio em dezembro de 2024, ainda enfrenta resistência dentro da Europa.

Países como França, Itália e Polônia questionam os termos do texto, especialmente no que se refere à concorrência agrícola. Vieira reiterou que a expectativa do Brasil é de que o entendimento seja finalizado ainda neste ano.

Impactos para o Brasil e o Mercosul

A estratégia de ampliar a rede de acordos comerciais é vista como essencial para aumentar a competitividade do Mercosul em um cenário de disputas geopolíticas e novas cadeias de suprimentos.

Para o Brasil, a abertura de mercados no Oriente Médio e na Ásia pode favorecer exportações de carne, soja, açúcar e minérios, além de atrair investimentos em energia e infraestrutura.

No entanto, diplomatas reconhecem que os avanços dependem da superação de resistências políticas internas e externas, além de negociações técnicas que envolvem setores sensíveis, como agricultura e propriedade intelectual.

Enquanto isso, empresários acompanham as tratativas de perto, de olho no potencial de expansão do comércio exterior brasileiro.

José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista com foco em economia e sociedade, dedica-se a investigar como decisões econômicas, políticas e sociais se entrelaçam na construção de um Estado de bem-estar social no Brasil.

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