Em reunião marcada para a super quarta Copom deve manter Selic em 15%

Pressões inflacionárias persistem e mercado projeta manutenção prolongada da taxa básica, segundo pesquisa com 41 economistas

O Banco Central deve manter a Selic em 15% na reunião do Copom marcada para a próxima quarta-feira, 17 de setembro. A decisão, antecipada por pesquisa da Reuters com 41 economistas, refletirá o quadro de inflação ainda resistente, mercado de trabalho aquecido e incertezas externas, fatores que sustentam a estratégia cautelosa da autoridade monetária.

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Selic parada pela segunda vez

Se confirmada, será a segunda reunião consecutiva em que o Copom mantém a taxa estável. Em julho, o colegiado interrompeu o ciclo de alta que havia elevado os juros em 4,5 pontos percentuais desde setembro de 2024.

A expectativa é que a manutenção se estenda por mais meses, mesmo após o IPCA ter registrado deflação de 0,11% em agosto — a primeira queda em um ano.

No acumulado de 12 meses, porém, a inflação segue em 5,13%, acima da meta de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional, com tolerância de 1,5 ponto percentual.

O que dizem os economistas

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Para José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, “embora o Banco Central tenha feito progressos em trazer a inflação para perto da meta, ainda enfrenta um mercado de trabalho apertado e um ambiente internacional incerto”.

Ele pondera que a valorização recente do real ajuda no combate à inflação, mas não há garantia de que a taxa de câmbio se mantenha nesse nível.

Julio Cesar de Mello Barros, do Banco Daycoval, avalia que “as expectativas de inflação permanecem desancoradas, enquanto a tendência de serviços continua elevada, com desaceleração muito gradual”.

Por isso, na sua visão, a manutenção da política monetária em patamar restritivo será necessária por um período prolongado.

Incertezas externas e tarifas dos EUA

Além dos fatores domésticos, a decisão também deve considerar o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

Segundo o Ministério da Fazenda, a medida pode reduzir em 0,2 ponto percentual o PIB até 2026, o que aumenta a percepção de risco e exige cautela adicional.

Quando virão os cortes?

Entre os 36 economistas que responderam sobre o momento da próxima redução, 10 apostam em dezembro, 13 em janeiro e nove em março.

A maioria projeta cortes graduais de 25 pontos-base, embora parte considere possível um movimento mais agressivo de 50 pontos-base.

As estimativas medianas apontam para a Selic estável em 15% até o fim de 2025, caindo apenas para 14,25% no primeiro trimestre de 2026.

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José Carlos Sanchez Jr.

José Carlos Sanchez Jr.

Jornalista e redator especializado em economia, finanças e investimentos, com experiência em cobertura de mercado, políticas públicas e programas sociais. É Administrador de Empresas com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Autor e fundador do portal IA do Dinheiro.

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